Violência marca aprovação de projeto na Assembleia

manifestantes de partidos politicos durante o dia do trabalho. em curitiba pixam a bandeira do parana. e jogam tinta vermelha. foto orlando kissner.
Mais de 200 pessoas ficaram feridas após ação violenta em Curitiba
Por Jéssica Felici, Maria Cecília Terres Zelazowski, Vanessa Bononi e Vanessa Gavilan Mikos
Mais de 200 pessoas ficaram feridas, entre cerca de 20 mil que se reuniram na Praça Nossa Senhora de Salete, em Curitiba, na última quarta-feira (29), para protestar contra o projeto do governo do Paraná que modifica as regras da ParanaPrevidência – fundo previdenciários dos servidores estaduais. O projeto (Nº 252/2015), que propôs revisar o plano de custeio da entidade, foi aprovado, em uma tarde na qual a violência predominou.
Os servidores foram impedidos de assistir à sessão na Assembléia Legislativa do Paraná (Alep) graças a uma operação policial montada pelo governo do estado. De acordo com assessoria de imprensa da Polícia Militar, o esquema tático não pôde ser revelado por questão de segurança. Os policiais estavam cumprindo ordem judicial, solicitada por parte da Alep.
O tumulto que começou por volta das 15h. Na versão da polícia, se deu por vândalos que estavam misturados aos professores, incluindo black blocs. Estes teriam começado a empurrar os manifestantes e avançar as grades, afirma a PM. Por conta do mandado judicial que determinou que os manifestantes não poderiam passar pela barreira policial e adentrar à Assembleia, fez-se uso bombas de efeito moral, que foram lançadas até mesmo por helicóptero e de cima dos prédios do estado. Também foram usadas balas de borracha, gás lacrimogênio, água, cachorros e força física.
A ação, segundo os manifestantes, foi inesperada e excessivamente violenta, dispersando a multidão em direção à Prefeitura de Curitiba, local em que as pessoas foram orientadas pelos líderes sindicais a se abrigar. Os primeiros socorros foram prestados na Prefeitura mesmo, segundo o enfermeiro Eduardo Funchal. Os casos mais graves foram encaminhados para o Hospital Universitário Cajuru e o Hospital do Trabalhador.
O professor de história Marcos Kusnick, que veio de Ponta Grossa, conta que ficou desorientado devido ao efeito dos gases lacrimogênios e também foi atingido por três tiros de balas de borracha, além de estilhaços de granada. Disse que, desde cedo, foi se criando um clima de tensão, quando o helicóptero da polícia sobrevoou próximo aos manifestantes, em uma estratégia vista com finalidade de intimidação. ‘’Não é uma luta pela previdência de nós, professores; mas, sim, por todo o Estado. Se não agirmos agora, estaremos dando um cheque em branco para os governantes fazerem o que bem entenderem com o povo’’.
Além de servidores públicos, o movimento contou com a participação de sindicatos de outras categorias, estudantes e políticos. Os deputados Nelson Luersen (PDT) e Professor Lemos (PT) subiram juntamente com os líderes do sindicato ao caminhão de som e declararam apoio aos manifestantes.
Por volta das 18h, a multidão se dispersou. Com a aprovação do projeto, os sindicatos das categorias realizarão assembleias para discutir que medidas devem ser tomadas. Até as próximas decisões, o movimento continua.
Projeto é aprovado
O projeto foi aprovado com 31 votos a favor e 20 contra (dois deputados não compareceram à sessão e um não votou). Pela proposta, o estado do Paraná fará um aporte, para capitalização do Fundo de Previdência, no valor de R$ 125 milhões por mês e assumirá os benefícios de aposentados e pensionistas com 73 anos ou mais.
Secretária educacional da Sindicato dos Trabalhadores e Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), Walquíria Olegário Mazeto declarou que os professores eram contra o projeto porque acreditam que as medidas serão prejudiciais aos servidores. “Essas medidas desafogam os caixas do estado, mas não resolvem o problema da previdência. Eles já aumentaram os impostos como luz, IPVA, e ainda querem passar a mão no nosso dinheiro”’.
Os agentes penitenciários estão mobilizados no Paraná todo desde segunda-feira (27). As reivindicações são as mesmas dos outros sindicatos. “Que não seja roubado o dinheiro da previdência dos servidores públicos. Vamos ficar aqui mobilizados até que nossas reivindicações sejam atendidas’”, afirmou Valdecir Santana, diretor do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (SINDARSPEN).
Diretor do Sindicato dos Servidores Estaduais da Saúde do Paraná (SindSaúde), Manoel Furlan relatou que não havia como dormir no acampamento. ‘’Essa noite não teve grandes perigos, mas houve movimentação da polícia, dos cachorros, eles faziam apitaço com sirenes. O povo tinha que sair correndo porque não sabia o que estava acontecendo. A cada momento eles tentam aumentar o cerco policial’’. Por isso, contrataram uma empresa para fazer segurança do SindSaúde, que irá decidir que rumo tomar, após a aprovação da proposta.