Tribunal de Justiça do Paraná derruba liminar que suspendia obras na Arthur Bernardes

Autorização para a retomada das obras da Linha Direta do Inter 2, que prevê a derrubada de 237 árvores, revolta moradores de Curitiba

Por Beatriz Agustini Carpes | Foto: SOS Arthur Bernardes

As obras do projeto de construção do Novo Inter 2, que incluem a derrubada de 237 árvores na Avenida Presidente Arthur Bernardes, está causando revolta e mobilização nos moradores da capital paranaense. A Prefeitura de Curitiba alega que a obra é necessária para a requalificação da parte de drenagem nas ruas Coronel Airton Playsant e Hugo Kinzelmann, nos bairros Santa Quitéria e Campina do Siqueira. O projeto movimenta US$ 106,7 milhões e está sendo financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

As mudanças motivaram a criação do movimento SOS Arthur Bernardes, que está lutando contra a derrubada das árvores desde o começo das obras. Segundo os moradores que participam da mobilização, as obras podem causar impactos negativos na prevenção de enchentes e no bioma da Mata Atlântica. O movimento tem apoio de 8 mil pessoas que aderiram a um abaixo-assinado que exige mais diálogo por parte da Prefeitura de Curitiba com os moradores da região.

Após vários protestos, o movimento conseguiu uma liminar expedida pela 5ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, que suspendia o corte das árvores e as obras na avenida por 30 dias. Além da suspensão das obras, a liminar exigia que a prefeitura apresentasse a documentação pertinente à realização do Programa de Mobilidade Sustentável de Curitiba no local, incluindo a justificativa do projeto, considerando ônus e vantagens à mobilidade e ao meio ambiente. Porém, organizadores do movimento SOS Arthur Bernardes interpretaram essa liminar “como um cala a boca para desmobilizar o movimento”. Além disso, criticam o fato de que o processo está em segredo de justiça.

Na terça-feira (17), o desembargador Leonel Cunha derrubou a liminar e autorizou a retomada do trabalho a qualquer momento, afirmando que não é razoável que o Judiciário suspenda as obras. A decisão causou indignação da população, que não tem acesso aos documentos apresentados pela prefeitura e ao processo.

O movimento SOS Arthur Bernardes, em resposta à retirada da liminar e comemoração ao Dia da Árvore, organizou um grande ato no último sábado (21) que contou com plantio de mudas, limpeza do córrego, oficina de educação ambiental, pedal pelo clima, atrações culturais e assinatura de uma carta compromisso. O ato foi no cruzamento da Avenida Presidente Arthur Bernardes com a Rua Prof. Ulisses Vieira.