Teleconsultas passam a ser oferecidas no sistema público de Saúde do Paraná

Modelo adotado para combater o coronavírus chegou a enfrentar resistência da classe médica e agora tem 120 profissionais disponíveis para atendimento à distância no estado
Por Augusto Vellozo, Letícia Fortes e Vinícius Bittencourt
A partir desta semana, pacientes que suspeitam ter contraído a Covid-19 passam a contar com a possibilidade de atendimento médico gratuito online. A implantação desse modelo de assistência é uma recomendação do Ministério da Sáude para agilizar o atendimento à população nos sistemas de saúde estaduais. As teleconsultas podem ajudar a evitar deslocamentos e aglomerações nas unidades de pronto atendimento e a reduzir a constante exposição dos profissionais de saúde ao coronavírus.
O programa Telemedicina Paraná é uma solução tecnológica que foi desenvolvida em parceria entre a Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e os conselhos regionais de Medicina (CRM-PR) e de Psicologia (CRP-PR). Para utilizar o atendimento virtual, o paciente deve primeiramente cadastrar-se no site (www.coronavirus.pr.gov.br) ou no aplicativo Telemedicina Paraná (disponível para os sistemas Android e IOS) para, então, preencher um formulário a respeito de sua condição de saúde. Feito isso, o sistema fará uma triagem por meio de inteligência artificial para identificar se a pessoa apresenta ou não sintomas característicos de covid-19.
Caso seja identificado algum sintoma suspeito, o paciente será encaminhado para uma nova triagem, que será realizada via WhatsApp. A teleconsulta será realizada por um médico por meio de vídeo, áudio ou chat, sendo permitida ao profissional de saúde a prescrição de medicamentos e a emissão de atestados médicos. Se for apontado que ele não apresenta sintomas de covid-19, o sistema enviará novas orientações o mais brevemente possível.
Embora o teleatendimento surja atualmente como a opção mais viável para lidar com o crescimento da doença e reduzir o contágio dos profissionais da saúde, o médico Heleno Vellozo, que atua há mais 30 anos no sistema privado de saúde, diz que a classe médica nem sempre concordou com tal medida. “Antes do coronavírus, a maioria dos médicos entendia a telemedicina como uma forma de atendimento que feria os princípios básicos da profissão, baseados na relação médico-paciente, que inclui o exame físico para que se chegue ao diagnóstico preciso”, afirma Vellozo.
Para a médica Fernanda Rank, a telemedicina é uma estratégia fundamental para frear o avanço da Covid-19, visto que essa doença de rápida transmissão exige um atendimento ágil. “Trata-se de um sistema bastante eficiente, no qual as pessoas conseguem respeitar as recomendações sanitárias de distanciamento social e também evitar o contato entre pessoas contaminadas e saudáveis, reduzindo o volume de atendimento dos hospitais.”