Teatro de rua vive com Arlequim

por Equipe Festival de Teatro
Teatro de rua vive com Arlequim

Um espetáculo para todos que alegrou praça de Curitiba

Por: Ana Clara Braga e Mariana Castilho

Quem passou pela praça Santos Andrade na quarta feira (04/04) teve o privilégio de assistir “As espertezas de Arlequim” e dar boas risadas. A peça do grupo “Arte da comédia” encheu as escadarias do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), contou com participações do público e até a invasão de um cachorro no cenário.

O teatro de rua é desafiador, são muitos imprevistos que podem atrapalhar a peça. Segundo a atriz Joseane Berenda, eles incorporam no espetáculo os elementos da rua e tentam trabalhar com o imprevisível de forma orgânica. “Quando você faz teatro de rua tudo faz parte. Aqui a gente pega um pedacinho da rua, mas tudo que está acontecendo em volta faz parte do espetáculo”.

Para o ator Marcelo Felczak, apresentações de rua são democráticas pois quebram barreiras e agregam um público mais diversificado. “O teatro fechado é mais difícil, de certa forma ele limita certas classes sociais. Aqui não, aqui quem passa, para para ver o que está acontecendo”.

O ator Wenry Bueno, contextualizou historicamente o teatro de rua contando sua história na Itália. “A commedia Dell Arte é o teatro puro. As trupes viviam aquilo, o ator que fazia  o Arlequim vivia o Arlequim, ele trazia toda a bagagem pessoal para o personagem para cativar o público e ganhar seu alimento”.

Na platéia das escadarias, Marcia Sauer conta que teatro de rua para ela é novidade: “A gente nunca tinha assistido antes, começamos a assistir e achamos muito interessante, bem divertido”. Ela e o marido, Fabiano Freitas, contam que assistiram todos os espetáculos de rua que aconteceram na praça, alguns junto dos filhos, e que pretendem assistir mais vezes ao festival. “Nem sabíamos que tinha o festival, agora que a gente já sabe vamos participar de todos, foi uma coisa que a gente gostou muito”.

A arte resiste

Na tarde de sábado (31/03)  manifestantes que pediam a intervenção militar interromperam a montagem do cenário da peça “A loucura de Isabela” na praça Santos Andrade. A companhia “A arte da comédia” chegou no local com antecedência para as preparações da peça e foram pegos de surpresa pelos intervencionistas.

Os atores contaram que ao começarem a montar o palco, os manifestantes pró ditadura avançaram e começaram a danificar os objetos da companhia. Após muitos xingamentos, agressões e humilhações o público começou a chegar e fez um cordão de isolamento para proteger os atores e a peça. “(uma mulher) disse que eu era uma babaca, um jovem babaca. Você acha que esse teatrinho de vocês esse cirquinho vai mudar alguma coisa?” contou Bueno.

Apesar da interferência o público abraçou o espetáculo que terminou com uma salva de palmas em pé e gritos de viva a arte. “Foi glorioso” lembrou Wenry Bueno. Para os artistas arte é resistência e acontecimentos como esse dão força e motivação para lutar e coninuar levando a arte para todos.

 

 

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