Seleção Brasileira de Futsal: dificuldades enfrentadas pelo time apesar do talento

por Isadora Lara Guerra
Seleção Brasileira de Futsal: dificuldades enfrentadas pelo time apesar do talento

Desigualdade de gênero no futsal afeta seleção brasileira, inclusive a maior jogadora do mundo

Por: Isadora Guerra e Ryan Minela | Foto: Ulisses Castro/Divulgação

No âmbito nacional, quando falamos de futsal pensamos em grandes nomes como Falcão, Valdin ou Manoel Tobias. Porém, o Brasil também conta com uma das maiores jogadoras do futsal mundial: a Amandinha. Eleita 8 vezes consecutivas como a melhor do mundo, Amanda Lyssa de Oliveira Crisóstomo é um ótimo exemplo para retratar o cenário do futsal feminino em comparação com o masculino.

 A jogadora cearense já relatou em entrevistas suas dificuldades extras por conta de seu gênero, dificuldades que vêm desde a infância. Iniciou sua jornada no futsal em uma quadra no fim de sua rua, em uma escola de futsal para meninos, e, quando finalmente foi disputar sua primeira competição, os outros times se recusaram a enfrentá-la por ser “uma menina”. Para ter uma chance na sua carreira de jogadora profissional, ainda em sua adolescência ela precisou deixar a casa e o estado da sua família e ir para Santa Catarina. Foi só questão de tempo até provar seu talento e começar a ganhar títulos importantes, incluindo seu grande papel na Copa do Mundo em 2014.

Amanda também já narrou como se motiva ao ver as mulheres no esporte se unindo, que quando uma sofre preconceito as outras protegem e oferecem apoio, que o espaço conquistado é fruto da união. Mas, apesar de toda a movimentação das jogadoras pela causa, ainda é muito visível as discrepâncias enfrentadas pela seleção. Com um investimento muito mais baixo em relação a seleção masculina, em 2019, quando ainda era jogadora no Brasil, o salário de Amandinha não passava de 5 mil reais por mês. A única solução possível para resolver sua questão financeira foi ir jogar na Europa, onde joga atualmente pelo Torreblanca Melilla, time espanhol. 

Há não muito tempo, em termos históricos, o futsal feminino era proibido por lei no Brasil. O texto do Decreto-Lei 3199 de 1941 dizia “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. Essa permissão só veio mais de 40 anos depois, em 1983, quando a Federação Internacional de Futebol de Salão (FIFUSA) autorizou a prática do futsal feminino. E apesar de ser um dos esportes mais queridos no Brasil, a primeira formação da Seleção Brasileira Feminina de Futsal só se efetivou em 2001, e o primeiro torneio oficial, o I Campeonato Brasileiro de Seleções, em 2002. Mas o fato de a seleção ser recente não é justificativa para a falta de apoio financeiro e preconceito que diversas atletas do futsal e até mesmo da seleção relatam já até ter “se acostumado” a ouvir.

Autor