Crítica: Regado de simplicidade, curta “O que o Mar Deixou de Você para Mim” é voz forte para comunidade LGBTQ+

Atingindo um nicho social, curta metragem é exemplo de representatividade para jovens brasileiros
Por Carolina Senff | Fotos: Divulgação
O curta-metragem O que o Mar Deixou de Você para Mim, produzido por estudantes da PUCPR, é uma carta de amor a pessoas LGBTQ+ que procuram na arte um refúgio. O filme conta a história de Vicente, um garoto gay que ao decorrer da vida vai entendendo melhor sua sexualidade ao se apaixonar por seu melhor amigo, Túlio.
A simplicidade do filme foi a chave para gerar uma catarse coletiva na noite de estreia na Cinemateca de Curitiba. Tudo começa muito leve, muito gostoso e quando menos se espera o telespectador embarca nesse mar de angústias que é descobrir que não se é héterosexual.
Para realizar o filme foi preciso de uma equipe extensa totalmente composta por estudantes do eixo Multicom da Pontifícia. O projeto é ousado. Envolveu gravações na praia, viagens com mais de 20 pessoas, um orçamento bem baixo, diárias externas com clima chuvoso. A produção enfrentou dificuldade para tirar de fato o filme do papel. Lucas Ferrarezi, produtor do filme, conta em entrevista a TV Comunicare que o mais difícil foi a logística das diárias na praia, que não é tão simples deslocar mais de 20 pessoas por um final de semana inteiro para gravar algumas cenas e que em certos momentos a areia não ajuda muito também.
O diretor e roteirista, Gui Almeida, usa do filme para contar um pouco de sua trajetória pessoal. “Escrevi o filme em duas noites, senti que precisava contar essa história.” MAR, como o filme foi apelidado pela própria equipe, busca ser uma voz para as pessoas que precisam de algo para se identificar. O diretor relata que não existem muitas produções sobre o processo de conhecer a própria sexualidade e “sair do armário” e que ter acesso a conteúdos como esse é fundamental para toda pessoa LGBTQ+.
O Que o Mar Deixou de Você para Mim irá percorrer um circuito de festivais tentando representar a narrativa do autoconhecimento por onde passa. O circuito de festival é a oportunidade de dar mais visibilidade para o projeto e para a carreira pessoal de cada integrante da equipe, além de agregar muito para o currículo de todos.
O curta-metragem deixa muitas reflexões para aqueles que se permitem assistir de coração aberto.