Reforma do Museu de Arte Contemporânea permanece incompleta há quase meia década

por Gustavo dos Reis
Reforma do Museu de Arte Contemporânea permanece incompleta há  quase meia década

Prédio tombado pelo Patrimônio Cultural e localizado no coração da cidade se encontra abandonado, sem previsão para sua reforma ser concluída. A obra era realizada por órgão atualmente extinto.

Por Gustavo dos Reis – Foto: Gustavo dos Reis

O prédio histórico que já foi sede da Diretoria de Saúde do Estado e do Museu de Arte Contemporânea está fechado desde 2019 para revitalização. Entre as mudanças previstas estavam a construção de um anexo e a revitalização de pisos, escadas e mármores, que se desgastaram com o tempo. A obra possuía o prazo de conclusão de um ano e meio. A obra, porém, nunca saiu dos estágios iniciais.

Localizado entre a Rua XV de novembro e a Praça Rui Barbosa, o casarão possui um estilo eclético e foi inaugurado em 1918, pelo então governador Caetano Munhoz da Rocha. Além do museu de arte contemporânea, o espaço também era ocupado pelo Museu da Imagem e do Som e pelo Conselho Estadual de Cultura.

A licitação tinha o requisito de ser concluída em 540 dias (cerca de 18 meses) pela construtora vencedora e teria início em 13 de maio de 2019, com um investimento do governo estadual de R$5 milhões. A restauração teria a supervisão e vistoria da Paraná Edificações, órgão do governo que posteriormente foi extinto.

A construtora vencedora da licitação, Infrateco, afirma que o motivo para a paralisação das obras foi um mandado de medidas de segurança, emitido pela empresa de arquitetura PJJ Malucelli, em 2019. O processo foi finalizado três anos depois, no qual a Paraná Edificações não compareceu em nenhuma audiência do processo.

O Paraná Edificações (PRED) era um órgão governamental que administrava obras estaduais. Por conta da Lei da reforma administrativa, que entrou em vigor no segundo mandato do atual governo, a empresa pública foi anexada à secretaria das cidades que  ficou responsável por administrar obras que eram do órgão anexado.

A Superintendência-geral da Cultura do Paraná afirma que a Justiça liberou o retorno às obras, mas houve desequilíbrio econômico devido às decorrências do processo. Também disse que essas questões se encaminham para uma nova licitação da reforma, mas não foram detalhados prazos de quando isso ocorreria.

Em nota enviada ao portal, a assessoria de imprensa do MAC afirma que foi necessário um levantamento sobre o que havia sido feito e uma atualização de valores pendentes à empresa. Nesse levantamento foi alegado que alguns serviços da construtora foram realizados de forma inadequada e fora do projeto, que serão refeitos ao retomarem as obras. Além disso, o texto indica que apenas 11% do contrato inicial foi executado.

No dia 24 de janeiro, foi realizada uma reunião da Diretoria de Edificações da Secretaria das Cidades, em que a retomada das obras foi colocada como uma das prioridades do Governo. “As Secretarias envolvidas estão trabalhando intensamente para essa retomada e entrega do MAC”, diz a nota enviada pela assessoria do museu.

Atualmente o MAC está anexado ao Museu Oscar Niemeyer, ocupando duas salas do espaço e podem ser acessadas através do ingresso do MON, no valor de R$30. Em uma delas se encontra a exposição “Reforma: formas de ver”, que traz um acervo de obras que já foram expostas na antiga sede em seus cinquenta anos de história. 

O professor de artes e apaixonado por museus Rafael Mesquita diz que procura ir mensalmente ao MON, tanto para ver peças novas quanto para revisitar exposições que passaram despercebidas, principalmente quando o museu tem entrada gratuita. Ele conta que nunca visitou o casarão do MAC, mas que tem curiosidade de conhecer o local.

O artista considera importante o retorno à sede histórica, pois, além da valorização do local e a exclusividade de um espaço para arte contemporânea, fomenta a arte e a cultura no centro. Trata-se de um lugar da cidade onde o peso histórico-cultural é muito forte.

Assim como o centro da cidade traz visibilidade ao museu, o Museu de arte contemporânea também traz visibilidade aos artistas paranaenses, como diz o estudante de artes, Guilherme Renner. Ele considera importante o retorno, pois haveria mais possibilidades de criação de exposições e mostras, além do acesso gratuito do museu.

“Luxo", uma das obras expostas nas salas do MAC - Glauco Menta, 2002

“Luxo”, uma das obras expostas nas salas do MAC – Glauco Menta, 2002

Confira abaixo edifícios históricos de Curitiba de Arquitetura Eclética, como o MAC:

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