Queda na cobertura vacinal infantil facilita volta de doenças erradicadas

por Laura Kaiser
Queda na cobertura vacinal infantil facilita volta de doenças erradicadas

Segundo Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, procura por vacinas na cidade tem caído, acompanhando padrão nacional de baixas

Por Ana Lucia Sonntag e Laura Kaiser | Foto: SMCS

Em 2021, a cobertura vacinal em Curitiba foi de apenas 70,64%, de acordo com o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). O Sistema Municipal de Saúde de Curitiba (Sesa) também indica baixas na cobertura de vacinas como a poliomielite, de apenas 83,3%, e da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), com somente 85,4%. 

Quando comparados a anos anteriores, esses dados se tornam ainda mais alarmantes, demonstrando uma contínua redução das vacinações e uma grande acentuação dessa tendência após os anos de pandemia. Em 2019, esses mesmos dados demonstravam uma cobertura de 79,18%, na capital paranaense e coberturas de 90,1% e 96,7% para a poliomielite e tríplice viral, respectivamente. 

Esse fenômeno vem preocupando profissionais de saúde, que ressaltam a importância de tomar as vacinas. “Em geral a cobertura vacinal tem que estar em torno de 95% da população chave, então todas as crianças de até 1 ano de idade precisam estar 95% vacinadas”, diz o médico Alcides Oliveira, Diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba. Ele também ressalta que a cobertura deve ser alta para que se tenha uma margem menor de reaparecimento e circulação das doenças, deixando menor número de pessoas suscetíveis ao contágio. 

A queda na vacinação também se dá pela falta de informação sobre as doenças e pela recente influência das ondas de desinformação, que fez muitas pessoas duvidarem da eficiência da vacina. Oliveira explica que a vacina gera uma resposta imune no corpo, fazendo o sistema imunológico introduzir anticorpos contra o vírus, que são nosso “arsenal de guerra”.  “Toda vez que alguém recebe uma vacina, ela estimula a produção de substâncias para a defesa desses agentes estranhos, que circulam no nosso organismo, não deixando que haja o aparecimento da doença”, afirma ele. 

A importância da vacinação infantil também é ressaltada pela coordenadora do Centro de Vacinas do Hospital Pequeno Príncipe, a médica pediatra Heloísa Giamberardino. Ela enfatiza o papel das vacinas como uma barreira contra a entrada e reemergência de doenças e também na diminuição e combate contra casos de óbito infantil e sequelas. A médica usa o exemplo da baixa da cobertura contra a poliomielite para demonstrar como as crianças podem se tornar muito suscetíveis a esta doença, sem a vacina. “Se nós pensarmos que temos 3 milhões de crianças nascidas por ano, pelo menos, em torno de 1 milhão de crianças vão ficar suscetíveis, e isso vai se somando ano após ano”, diz. 

Apesar da baixa na cobertura vacinal, em Curitiba ainda não há volta de casos de doenças erradicadas, porém é importante ressaltar que toda e qualquer prevenção é necessária. Sem as vacinas, há riscos muito maiores de contágio e adoecimento de crianças. Por isso, é essencial que os pais levem seus filhos para se vacinar, de acordo com o calendário e cronograma de vacinação de Curitiba, e se mantenham informados sobre as doenças que podem atingir as crianças.

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