Projeto amplia restrições a trote estudantil após violência em Palotina

por Victor Dobjenski
Projeto amplia restrições a trote estudantil após violência em Palotina

Trote violento no interior do Paraná causa mudanças na lei que proíbe o ato

Por Victor Dobjenski | Foto: Victor Dobjenski

No dia 06 de abril foi tramitado o projeto que deve alterar a lei 2.857 relacionado ao trote no estado do Paraná após os alunos ficarem feridos em Palotina. Proposto pelo deputado Tercílio Turini (PSD), a lei agora passa a valer para o ensino superior, tanto do âmbito público quanto privado, parte excluída da lei original criada em 2000. Agora também passa a ser definido o que caracteriza o trote: “toda e qualquer forma de manifestação estudantil com aprovados em cursos regulares ou em concursos seletivos e exames vestibulares, que utilize qualquer modo ou meio de comunicação, violência ou agressão que possa injuriar, colocar em risco ou constranger a integridade moral ou física, a dignidade ou a imagem do estudante e/ou seus familiares.”

No último dia 30 de março, calouros do curso de medicina veterinária do campus de Palotina da UFPR sofreram com o trote ofensivo causado por estudantes veteranos da instituição. Os alunos atacados chegaram a sofrer, em alguns casos, queimaduras de terceiro grau. O ato gerou indignação em muitos e levou à apresentação do projeto visando evitar futuros acidentes. 

Trabalhando anteriormente como professor em Londrina, Tercílio Turini afirmava ficar indignado com os trotes que ele presenciava comentando que essa não era a recepção que um calouro deveria receber “Eles merecem que seja estendido um tapete vermelho quando eles chegam”. Para ele, a lei que proibia esses atos era incompleta e não assegurava a segurança de todos os estudantes. “Isso é constrangedor, causa traumas que podem ser difíceis de superar”, ressaltou ele sobre a prática do trote violento, deixando claro ter um posicionamento favorável aos chamados trotes solidários oferecidos por muitas instituições de ensino superior.

A assessoria da UFPR declarou que está mobilizada e atenta para o ocorrido em Palotina e classificou o ato como “lamentável” e “chocante”. A prioridade momentânea da universidade é o atendimento a todas as vítimas do trote.

Os estudantes acusados de aplicar o trote foram afastados por 30 dias e um processo de investigação vem sendo feito, enquanto as vítimas foram dispensadas das aulas para poder tratar da saúde de forma adequada, tudo isso com o apoio da universidade. Desde 2017, a “Federal” realiza a campanha de “Trote Sem Violência” e incentiva o trote solidário, cujo objetivo é ajudar comunidades carentes e dar apoio voluntário a outros espaços, para que o calouro seja recebido com respeito em um momento de confraternização.

Autor