Professores do Paraná fazem greve de fome em Curitiba

por Guilherme Seisuke da Silva Araki
Professores do Paraná fazem greve de fome em Curitiba

Sem acordo com o governo do estado, 20 professores ultrapassam nesta segunda a marca de 100 horas sem alimentação como forma de protesto

Por Guilherme Araki | Foto: Guilherme Araki

Professores e funcionários de escola da rede estadual de ensino realizam greve de fome e estão acampados em frente ao Palácio Iguaçu desde as 10h30 da última quinta-feira (19). Eles pedem a revogação do edital de contratação de temporários (PSS), que, segundo eles, prevê demissões e prova presencial em meio à pandemia do coronavírus. A última semana foi marcada por protestos e ocupação da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) por manifestantes. O governo do estado defende a realização da prova.

Atualmente são mais de 20 mil professores e 10 mil funcionários com contratos temporários no Paraná. Segundo a APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná), a aplicação da prova representa um ataque aos profissionais, que já possuem contratos precários, sem segurança de continuidade de emprego e com os menores salários do estado.

“Nós estamos passando pelo momento mais grave da educação do Paraná. Eu estou no estado desde 1990. Tivemos nesse período muitos enfrentamentos, congelamento de salário, intervenção do núcleo no processo de eleição de escola, mas desta vez, esse projeto que está sendo aplicado no Paraná, transforma a educação em um negócio, como se as nossas escolas fossem empresas que precisam trazer rendimento, precisam apresentar bons números para atrair investimento”, afirma Vanda Bandeira Santana, Secretaria Geral da APP-Sindicato.

Greve de fome

A greve de fome, que chega ao seu quinto dia, iniciou com 47 educadores e estudantes de diferentes regiões do estado após a desocupação da Assembleia Legislativa. Hoje, 20 permanecem, sendo acompanhados por equipe médica e voluntários que se revezam para auxiliar no que for necessário.

“A gente tem que lidar com essa questão do desemprego, dessa falta de garantia, realmente não sabemos o que vai acontecer, estamos em uma incerteza para o ano que vem”, afirma a professora PSS, Daniele Santos, que participa da greve de fome no Centro Cívico. “Estou me sentindo bem apesar do cansaço e da pressão psicológica. É mais o emocional da gente que pega nessas hora, dessa ansiedade, dessa incerteza sobretudo de muitas coisas que vem ao mesmo tempo”, completou.

Governo do estado

A negociação do governo do estado com o sindicato está sendo feita pela Casa Civil e, segundo a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Educação, a prova para a contratação de novos professores temporários está mantida, tendo ultrapassado a marca de 40 mil inscrições. O edital prevê um número mínimo de quatro mil vagas, que pode ser ampliado.

O Secretário estadual da Educação e do Esporte, Renato Feder, justifica a decisão de realizar a prova, em entrevista à Agência de Notícias do Paraná: “Estamos aprimorando o processo de seleção dos profissionais da nossa rede, ao mesmo tempo em que mantemos a valorização dos profissionais que já contam com uma titulação e experiência, e que compartilham de uma caminhada com a gente”.

As inscrições encerram nesta segunda-feira (23), 18h, e a prova está programada para acontecer no dia 13 de dezembro nas cidades-sede dos Núcleos Regionais de Educação (NRE).

 

 

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