Procura por ajuda psicológica cresce 30% durante a pandemia

Transtornos mentais têm aumentado cada vez mais durante a crise sanitária
Por Janaína Furtado e Laura Siqueira
Durante a pandemia, a procura por auxílio emocional aumentou em cerca de 30%, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde. O mês de setembro contribui com a campanha de prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo.
Como consequência do isolamento social, houve o aumento de casos de pessoas com depressão, ansiedade, estresse, fobia social, entre outros transtornos psicológicos, muito relacionados com home office e estudos em casa, por exemplo. A chegada do Covid-19, com um grande número de vítimas, causou um abalo mental em pessoas que perderam algum ente querido para tal doença.
Segundo o levantamento da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, a procura por ajuda psicológica aumentou, principalmente para lidar com estresse (51,9%) e ansiedade (78%). Em contrapartida, 34,2% não procurou ajuda, mas gostaria de ter. O órgão aponta o recorde de adesão de auxílios-doença e aposentadorias causadas por transtornos mentais, evidenciando um aumento de 26% em relação a 2019.
Canais gratuitos de ajuda
Ressaltando a importância de cuidar da saúde mental e diminuir os índices de suicídio, o Ministério da Saúde disponibiliza os canais abaixo:
- CVV: Centro de Valorização da Vida. Ligação gratuita no número 188, atendimento 24h por dia, todos os dias;
- Centro de Apoio Psicossocial (4521-1132);
- UPA 24h, SAMU (192), Hospitais;
- Unidades básicas de saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde).
Além disso, universidades oferecem serviço gratuito e acessível para toda a população de Curitiba e região metropolitana. Os atendimentos devem ser agendados por telefone e as consultas podem ser tanto online quanto presenciais.
A busca por auxílio psicológico foi feita em maior parte por adolescentes e jovens de 13 a 24 anos, porém, com a dependência financeira, medo ou vergonha de se expor, entre outros fatores, o público juvenil acaba se abstendo da vontade e necessidade de cuidar da saúde mental. Para resolver problemas como esses, pode-se recorrer ao SUS ou até mesmo universidades que oferecem atendimento psicológico acessível. Débora Pinheiro, responsável técnica pelo CPA (Comissão Própria de Avaliação) da Universidade Federal do Paraná, relata:
“A média se manteve em relação ao ano anterior, ainda que percebi nos primeiros meses de pandemia uma certa dúvida na população sobre a continuidade dos atendimentos, uma vez que a universidade foi fechada para a circulação das pessoas, organizando-se tanto para as aulas online quanto para os atendimentos remotos”
Durante a pandemia, os atendimentos se mantiveram através dos canais de WhatsApp e e-mail da UFPR. Sempre houve certa equiparação de procura por crianças e adultos/idosos de ambos os gêneros independente de queixa psicológica.
O que é o Setembro Amarelo?
Para ajudar pessoas com algum tipo de transtorno mental, em 2015, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organizou, nacionalmente, o Setembro Amarelo. A data em como objetivo principal conscientizar a população sobre o suicídio, que, em 96,8% dos casos, é relacionado com algum tipo de transtorno mental. A ação acredita que “Falar é a melhor solução”, então, ao conversar sobre o assunto, pode-se entender e perceber sinais de quem passa por essa situação, assim, podendo ajudar desde o princípio os sintomas emitidos pela pessoa. Estima-se que a campanha já ajudou a salvar 9 em cada 10 pessoas com pensamentos suicidas.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) divulgou os resultados de uma enquete realizada com a participação de mais de 4 mil adolescentes, de 15 a 19 anos em setembro de 2020, mostrando que cerca de 72% dos adolescentes sentiram necessidade de procurar apoio psicológico durante a pandemia, entretanto, 41% não chegaram a recorrer a nenhum tipo de ajuda. Ainda de acordo com a pesquisa, aproximadamente 46% dos respondentes afirmam estar mais pessimistas do que antes do período de pandemia.