Plano de militarização de 125 colégios do Paraná é criticado por professores e estudantes

Diretores, professores e estudantes questionam a falta de diálogo; consulta pública acontece de forma presencial nas escolas nesta terça (27) e quarta (28)

Por Guilherme Araki | Foto: Rodrigo Felix Leal/AEN

O governo do Paraná anunciou na última segunda-feira (26), em cerimônia no Palácio Iguaçu, a militarização de 215 escolas estaduais em 117 municípios de todas as regiões do estado a partir de 2021. Na lista, estão 56 colégios localizados na Região Metropolitana de Curitiba. Uma consulta pública presencial foi aberta nas escolas envolvidas um dia após o anúncio do projeto, o que gerou polêmica por, segundo professores, não permitir que haja tempo para o debate entre a comunidade.

A nova modalidade anunciada consiste na gestão compartilhada entre militares e civis em escolas do 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Segundo o governo do estado, os militares serão responsáveis pela disciplina, finanças, infraestrutura, patrimônio, segurança e atividades cívico-militares. Haverá também um diretor cívico-militar, além de dois a quatro monitores militares, dependendo do tamanho da escola, e um diretor civil com um auxiliar. A mudança atinge cerca de 129 mil alunos e é o maior projeto do país nessa área.

Além de estudantes e professores, os diretores também foram surpreendidos. “Não houve consulta prévia e a gente está aqui tentando fazer esclarecimento com a comunidade para que as pessoas não entrem nessa fria. Militares na gestão da escola, militares decidindo sobre o projeto pedagógico da escola é uma aberração”, afirma Sílvio Macos, diretor do Colégio Estadual Professor João Loyola, que está na lista de militarização.

A APP-Sindicato, que representa os professores e funcionários da educação pública no estado, classifica a medida como autoritária e um desrespeito aos educadores e comunidade. Segundo o sindicato, a militarização precarizará ainda mais escolas que necessitam atenção, visto que não haverá igualdade na distribuição dos recursos entre as escolas estaduais e os colégios militares, que recebem maior investimento.

“A militarização das escolas do Paraná é uma política de cerceamento da liberdade de ensinar e aprender, da livre expressão, da criatividade e da consolidação da democracia. O discurso de busca de qualidade é uma farsa, pois esconde os reais motivos que são apenas atingir índices educacionais que tornem a educação pública do Paraná atrativa aos interesses do mercado”, conta Vanda Bandeira Santana, Secretaria Geral da APP-Sindicato. “Também tem um viés ideológico de doutrinação a partir do pensamento único e conservador de sociedade, reforçando a meritocracia e a exclusão educacional, agravando ainda mais a desigualdade social”, completa.

A União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), critica o projeto através das redes sociais: “É um golpe contra a democracia e contra o projeto de escola pública, gratuita, livre e de qualidade universal”. A entidade também aponta uma desvalorização da carreira de profissionais da educação.

O governador Ratinho Junior, em entrevista à Agência Estadual de Notícias, afirma: “Esse programa será transformador para o Paraná. Para entregar a melhor educação do Brasil precisamos ampliar os projetos e trazer novas ideias”, e completa elogiando o modelo de educação militar, “Esse é um modelo vencedor. Se é vencedor, queremos ofertar essa modalidade. A implantação será feita de forma democrática”.

Confira os colégios de Curitiba e Região Metropolitana que estão na lista:

Curitiba – SEGISMUNDO FALARZ C E EF M

Curitiba – GETÚLIO VARGAS C E EF M

Curitiba – MANOEL RIBAS C E ED EM TEMPO INT EF M

Curitiba – OLAVO DEL CLARO C E PROF EF M

Curitiba – ERMELINO DE LEAO C E EF M

Curitiba – GOTTLIEB MUELLER C E EF M

Curitiba – JOÃO DE OLIVEIRA FRANCO C E EF M

Curitiba – JOÃO MAZZAROTTO C E EF M

Curitiba – MANOEL A GUIMARÃES C E SEN EF M

Curitiba – SEBASTIÃO SAPORSKI C E EF M

Curitiba – GUARDA MIRIM DO PARANA C E EM

Curitiba – ATTICO EUSÉBIO DA ROCHA C E D EF M

Curitiba – REPÚBLICA ORIENTAL DO URUGUAI E E EF

Curitiba – JOÃO WISLINSKI C E PE EF M

Curitiba – CECILIA MEIRELES C E EF M

Curitiba – ISABEL L S SOUZA C E PROFA EF M

Curitiba – ARLINDO CARVALHO DE AMORIM C E EF M

Curitiba – JOÃO LOYOLA C E PROF EF M

Curitiba – ETELVINA C RIBAS C E PROFA EF M

Curitiba – LUIZ CARLOS DE P E SOUZA C E P E F M

Curitiba – SENHORINHA M SARMENTO C E EF M

Curitiba – YVONE PIMENTEL C E EF M

Almirante Tamandaré – JACI REAL P DE OLIVEIRA C E PROFA E F M

Almirante Tamandaré – MARIA LOPES DE PAULA C E PROFA EF M

Almirante Tamandaré – FLORIPA TEIXEIRA DE FARIA C E EF M

Araucária – LINCOLN S COIMBRA C E EF M

Araucária – DIAS DA ROCHA C E EF M

Araucária – MARIA DA G S SILVA E LIMA C E PROF EFM

Campina Grande do Sul – BANDEIRANTES C E EF M

Campo Largo – 1 CENTENÁRIO C E EF M

Campo Largo – MACEDO SOARES C E EF M

Campo Magro – CAMPO MAGRO C E EF M

Colombo – JOÃO BOSCO C E D EF MColombo – TANCREDO DE A NEVES C E EF M

Colombo – ALFREDO CHAVES C E EF M

Colombo – ALTAIR DA SILVA LEME C E PROF EF M

Colombo – HELENA KOLODY C E EF M

Fazenda Rio Grande – ANDERSON RANGEL C E PROF EF M

Fazenda Rio Grande – JOÃO HOINATZ DE ANDRADE E E PROF EFLapa – CARNEIRO C E GAL EF NORMAL

Lapa – MANOEL A DA CUNHA E E EF

Mandirituba – MIREILLE MARIA F Z MACHADO E E PROF EF

Pinhais – LUARLINDO DOS REIS BORGES E E EF

Pinhais – SEMIRAMIS DE B BRAGA C E EF M

Piraquara – VILA MACEDO C E EF M PROFIS

Piraquara – IVANETE M DE SOUZA C E EF M

Piraquara – ROMÁRIO MARTINS C E EF M

Quatro Barras – ELIAS ABRAHAO C E EF M

Quitandinha – ELEUTERIO F DE ANDRADE C E EF M

Rio Branco do Sul – MANOEL B DE MACEDO C E PROF EF M

Rio Negro – CAETANO M ROCHA C E PRES EF M

Rio Negro – OVANDE DO AMARAL C E DR EF M

São José dos Pinhais – ANTÔNIO VIEIRA C E PE EF M

São José dos Pinhais – SHIRLEY C T MACHADO C E EF M

São José dos Pinhais – ZILDA ARNS NEUMANN C E DRA EF M

São José dos Pinhais – CHICO MENDES C E EF M