Pedidos de remoção de animais mortos sobe em 141% em Curitiba durante a pandemia

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Cidade chegou a receber 664 solicitações para remoção de animais mortos no mês de agosto, atingindo o maior número desde maio de 2019. A microchipagem pode ser mais importante que a castração para casos de morte relacionada ao abandono animal.
Por Sarah Guilhermo
Solicitações de remoção de animais domésticos mortos tiveram um aumento de 141% na capital paranaense. Os dados recolhidos tiveram como base os últimos quatro meses dos Dados Abertos da Central 156, principal canal de comunicação entre o cidadão e a Prefeitura Municipal de Curitiba utilizada para receber manifestações dos cidadãos sobre questões de ordem municipal. As regiões de Curitiba a receberem o maior número de solicitações de remoção de animais mortos foram Boa Vista, Boqueirão, Cajuru e Pinheirinho. Em maio, o número estava em 275 e chegou a 581 pedidos no próximo mês, aumentando em 111%.
O serviço de recolhimento de animais mortos é prestado pelo Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Também faz parte do setor a Divisão de Proteção Animal (Rede de Proteção Animal), que promove ações como castração e avaliações clínicas, com administração de medicação e aplicação de vacinas. De acordo com a plataforma Dados Abertos do 156, a cidade de Curitiba contabilizou mais de dois mil pedidos para a remoção desde maio. Apesar disso, os números oficiais do departamento não bateram com os contabilizados pelo Portal da Transparência da prefeitura.
“É possível considerar um aumento de 8% apenas na média diária de solicitações comparado 2019 com este ano”, explica a assessora de imprensa da Secretaria do Meio Ambiente Frances Barras. “Sendo maio de 2019 um mês com 710 pedidos e agosto do mesmo ano com 792.” Os números calculados pela plataforma do 156 tiveram uma diferença de quase 500 pedidos em maio.
A motivação desse crescimento é desconhecida, mas as consequências podem ser gigantescas para o ambiente e outros animais. “O foco é não disseminar doenças e não destinar de forma incorreta. Não há funcionários para estudar o motivo de morte desses animais porque seria um gasto público a mais”, conta a veterinária da rede de Proteção Animal Cláudia Terzian. “Ao enterrar em um terreno comum ou no quintal, existe a possibilidade de outro animal desenterrar e ter contato com o que morreu de uma doença infecciosa”. Além de disseminar doenças e provocar mais óbitos de animais, enterrar em uma área comum pode causar a poluição de lençóis freáticos.
Apesar da imprecisão sobre a justificativa definida, o óbito desses animais pode estar ligado com o abandono animal. A solução para essa negligência seria não apenas a castração, mas principalmente a microchipagem. “A pessoa adota um cachorro e ele fica doente ou tem algum problema de comportamento. Depois disso é comum que o dono abandone o animal e seis meses depois pegue outro”, explica a veterinária Cláudia. Esse registro possibilitaria que o tutor responsável pelo abandono do animal seja multado pela identificação do animal. “Se a microchipagem fosse obrigatória assim como a castração, evitaríamos a cultura de descarte animal”.
Nos últimos quatro anos foram feitas em torno de 15 mil castrações por ano e microchipagens e a meta desse ano é que atinjam 60 mil na cidade de Curitiba.