Parto natural cresce e já é maioria em Curitiba

Parto natural têm sido o mais escolhido na rede pública.
Por Isabela Gois
A Secretaria Municipal da Saúde, junto com a prefeitura de Curitiba, tem realizado campanhas pela conscientização das mulheres sobre as vantagens do parto natural, que ano passado totalizou 65% dos procedimentos de parto realizados em hospitais públicos da cidade.
O projeto Mãe Curitibana é um dos responsáveis por esses números, uma vez que oferece às grávidas pré-natal com acompanhamento constante e informações claras para que possam decidir sem grande interferência médica qual a melhor opção. A diminuição no número de cesáreas é uma das causas apontadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a diminuição da taxa de mortalidade materno-infantil, que atingiu em 2014 a menor taxa da história no Paraná.
Com exceção do Hospital de Clínicas, em todas maternidades e/ou hospitais da capital houve contraste significativo na relação entre número de partos vaginais e cesáreos, mostram dados fornecidos pelo médico e coordenador do projeto Mãe Curitibana, Wagner Dias. Os números que se destacam são, por exemplo, os do Hospital Nossa Senhora das Graças, em que 3.099 dos 4.675 partos realizados foram partos normais – um índice de 66%. O Hospital Vitor do Amaral e o Hospital Vitor do Trabalhador também de destacam, com índices de 67% e de 56% e 2.076 e 1.870 partos vaginais realizados, respectivamente.
Segundo o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), é destacada a possibilidade de a mulher, na busca por um parto humanizado, realizar o procedimento sem os devidos requisitos técnicos e médicos necessários para e segurança da mãe e do bebê.
O especialista em ginecologia e obstetrícia (TEGO) Carlos Miner Navarro é um dos médicos que atua como defensor e divulgador da humanização do atendimento obstétrico e do direito das mulheres de exercerem a maternidade plenamente, tendo partos normais naturais, de cócoras ou na água entre suas especialidades. Despertado pelo amor e satisfação no atendimento a gestante visando um atendimento integral com o mínimo de intervenções de forma mais natural e menos traumática, formou a equipe de atendimento ao parto humanizado/natural Nascer com Respeito, constituída pela enfermeira obstetriz Adelita Gonzalez Martinez Denipote e a doula Patrícia Bortolotto. “O atendimento ao parto humanizado/natural é feito em ambiente hospitalar. Durante o atendimento, é necessário que a futura mamãe sinta-se acolhida em todas as suas necessidades (físicas, emocionais, psicológicas, sociais e espirituais)”, afirma Navarro.
Na obstetrícia envolvendo gestantes de alto risco, ele realiza cesáreas pela técnica de Misgav Ladach ou minimamente invasiva, que, por meio de algumas modificações em relação à técnica tradicional de cesárea, permite que a cirurgia seja realizada mais rapidamente, com menos desconforto e dor no pós-operatório.
Violência Obstétrica
Ações como as citadas acima são importantes também no combate a violência obstétrica, assunto que merece destaque na busca pela humanização do parto. A prática atinge uma em cada quatro mulheres no Brasil, segundo pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, e durante muito tempo foi tratada como natural pelos médicos e autoridades.
Uma das dificuldades em combater esse tipo de violência é o fato de muitas mulheres não se verem como vítimas; mas, sim, como culpadas pela situação. Também podem se sentir humilhadas em um momento que estão vulneráveis. Atitudes como amarrar a mulher na cama, impedir o consumo de água ou alimentos, obstruir a entrada de um acompanhante durante o nascimento do bebê ou realizar procedimento médicos sem autorização ou necessidade não fazem parte do trabalho de parto e devem ser denunciadas.