Parque Barigui vai receber usina de energia limpa e renovável

A Central Geradora Hidrelétrica será instalada no Rio Barigui e não terá impactos ambientais, nem custos para o governo municipal
Por Carla Tortato
Curitiba recebeu a doação da Central Geradora Hidrelétrica Nicolau Klüppel, uma pequena usina que gera energia limpa e renovável. A geradora, instalada no Parque Barigui, será inaugurada nos próximos meses e até o final de 2019, o Parque São Lourenço também deve receber uma usina semelhante, mas em um tamanho menor.
A geradora de energia foi doada pela Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas (ABRAPCH). O presidente da associação, Valmor Alves, afirma que a intenção é aproveitar o recurso já disponível da água. Ele conta que a energia hidráulica está entre as de menor custo para o consumidor e que o investimento de cerca de R$ 600 mil deve ser pago em quatro ou cinco anos com a economia de energia que a Prefeitura terá. De acordo com o mesmo, estima-se que a usina vai trazer uma economia de até R$ 150 mil para o município anualmente.
O presidente afirma que a instalação não trará danos para o meio ambiente, pois os peixes que habitam no rio poderão subir pela turbina. Segundo ele, inclusive, haverá benefícios, pois a geradora vai acabar removendo o lixo plástico que estiver no local devido ao seu sistema de limpeza. “Muitas vezes acham que vai estragar o rio, vai criar problemas. Mas nossos impactos são muito mais positivos do que negativos”, diz Alves.
O superintendente de obras e serviços da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Reinaldo Pilloto, explica que a instalação vai beneficiar a cidade na produção de energia limpa, pois nas geradoras hidráulicas não há queima de combustível. Pilloto afirma que a usina além de gerar economia para a cidade, tem como objetivo a educação da população de que é possível utilizar energias limpas. Ademais, as crianças vão poder entender como o mecanismo dessa usina funciona, conta o superintendente da Prefeitura.
Pilloto diz que a obra vai usar um terço da capacidade de vazão do rio para a geração de energia. Ele afirma que a capital sempre foi uma cidade inovadora na questão do meio ambiente. “Nós estamos dando um exemplo para o Brasil de como se pode aproveitar a energia armazenada numa queda d’água de um parque”, relata Pilloto.
Para Adinel Moreira, que costuma frequentar o Parque Barigui, a instalação da usina vai ser positiva desde que haja manutenção. Segundo ele, muitos projetos foram trazidos para o parque, mas foram abandonados. “Eu espero que eles façam e deem continuidade para o trabalho, não fique pela metade, se ficar pela metade nada adianta, simplesmente um dinheiro gasto em vão”, afirma Moreira.
O professor do curso de Engenharia de Energia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Victor Neumann diz que gerar energia a partir de turbinas hidrelétricas sem alagar nenhum metro quadrado é algo muito positivo, pois essa geração é de baixo custo. Ele afirma que não haverá impactos ambientais se for levado em consideração e houver cuidado com a migração dos peixes contracorrente.
Além da hidráulica, Neumann também destaca a geração fotovoltaica e eólica como importantes fontes primárias de energia para serem investidas pelo Paraná. Para ele, com a evolução das matrizes sustentáveis é possível que o Estado atenda a demanda energética da população apenas de forma limpa e renovável.
No Brasil, 57,1% da geração de energia não é renovável de acordo com o Balanço Energético Nacional 2018. O relatório aponta que a matriz energética brasileira é gerada principalmente a partir de petróleo e derivados (36,4%), biomassa da cana (17%), gás natural (13%) e água (12%).