Paraná planeja retomada do turismo após perdas durante a pandemia

por Maria Eduarda Cassins
Paraná planeja retomada do turismo após perdas durante a pandemia

Após maior retração desde 2011, o setor turístico tem retorno gradual no Paraná.

Por Maria Eduarda Souza, Maria Eduarda Cassins e Leticia Bonat | Foto: Prefeitura de Curitiba

Com a pandemia da Covid-19, o mercado do turismo que estava em ascensão no Paraná teve perdas significativas, impactando principalmente os segmentos de hotelaria e de eventos. De acordo com a pesquisa “Turismo em tempos de pandemia”, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), apesar da redução drástica no número de hóspedes, muitos hotéis já retomam suas atividades, diferente do setor de eventos que desempenha um papel importante em Curitiba mas que ainda não possui data para retorno.

Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), estima-se que a perda no país, em três meses após a chegada do vírus no Brasil, tenha ultrapassado R$ 90 bilhões sendo que, aproximadamente 730 mil postos de trabalho foram fechados.

O retorno do turismo regional

Devido ao impacto do turismo no desenvolvimento econômico do país, entidades governamentais em diversos estados estão se movimentando para retorno seguro das atividades.

No Paraná, o governo estadual em parceria com responsáveis pelo setor, avançou com o “Plano de Retomada do Turismo”, o qual consiste respectivamente, na costura de parcerias com entidades de classe e instâncias de governança para capacitação e qualificação dos serviços, como hospedagem, alimentação e agenciamento e na retomada dos negócios a partir de encontros de negócio virtuais. Visando isso, o plano estipulou como meta a recuperação regional a partir de viagens realizadas dentro do estado de até 200 quilômetros.

O quê, de acordo com o Presidente da Comissão de Turismo da OAB-RJ, Hamilton Vasconcellos, deve atrair uma quantidade significativa de turistas. Ele afirma que em um primeiro momento as pessoas irão procurar locais próximos de suas casas para viajar, priorizando aqueles em áreas abertas e sem aglomeração.

Foi o caso da curitibana Lais Klos, que optou por procurar passeios pela região, porém se decepcionou com o descaso das pessoas em meio à pandemia. “Cheguei até a cogitar a possibilidade de fazer passeios menores aqui por Curitiba e São José, mas vendo a irresponsabilidade das pessoas que estão andando na rua, sem cuidados, sem máscara, eu acabei desistindo”, confessa a estudante.

Desse modo, Hamilton ainda alerta que é de extrema importância estabelecer um ambiente confiável. Tanto para atração de turistas quanto na minimização da transmissão do vírus, deve-se seguir as recomendações básicas dos agentes de saúde, como, o distanciamento social, o uso obrigatório de máscaras e a higienização das mãos.

Cenário atual

Até outubro de 2019, o Paraná era o segundo estado com o maior crescimento turístico do Brasil (5,4%), superando a média nacional (1,5%), a qual movimentou cerca de R$ 930 bilhões com 25 milhões de empregados no país. Aumentando assim as expectativas para 2020, que decorrente a pandemia caminha para um desfecho diferente.

Por conta do isolamento social e a queda drástica da economia em praticamente todos os setores, os órgãos públicos recorrem cada vez mais à campanhas de conscientização. A iniciativa da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, foi o lançamento da campanha “Não cancele, remarque!”, visando o não falecimento e desemprego nas agências de viagens do Paraná.

Com experiência em turismo emissivo, a consultora Fernanda Militelo comemora a ação e a resposta que obteve de seus clientes durante este período. “Todos os meus clientes não cancelaram suas viagens, o que foi muito importante para a nossa agência pois não tivemos que reembolsar nenhum valor, todos remanejaram para uma nova data”, afirma Fernanda.

Porém, apesar de alguns locais cumprirem com as normas de prevenção, muitas pessoas não se sentem confortáveis em sair de casa para passeios de longa duração. A universitária Eduarda Trentini, optou por seguir recomendações e evitar lugares públicos. “Por ter irmãs pequenas que não conseguem usar máscara corretamente, optamos por cancelar e futuramente, assim que tudo estiver melhor, fazer o passeio”, relata a jovem.

Entretanto, ela não deixou de se preocupar com as regiões que dependem do funcionamento do setor. ”Quando estabeleceram uma barreira para o acesso em Morreres, região que sobrevive de turismo aqui no Paraná, por lá ter essa finalidade, com restaurantes e lojas reservadas para isso, imaginei que seria uma situação bem complicada para a população local, pois em sua maioria, se sustentam a partir do turismo.”, afirma Eduarda.

O funcionamento dos aeroportos

Segundo dados da Infraero, houve uma queda brusca de pousos e decolagens nos aeroportos do Brasil inteiro durante a pandemia. Em Brasília, de acordo com a empresa que administra o terminal, em abril de 2019 foram 406 voos, em média, e em abril deste ano foram apenas 21, o que gerou a redução de mais de 90% na movimentação, não deixando outra alternativa para a concessionária que não fosse suspender as operações de uma das suas pistas de pouso de decolagens. Porém, mesmo com a falta de passageiros e diversos cancelamentos, estes seguiram com sua programação de forma limitada.

Além disso, muitas companhias aéreas voltaram a operar voos internacionais no Brasil de forma gradual desde julho deste ano, com enfoque nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo Curitiba uma das capitais sem data definida para o retorno.

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