Pandemia impulsiona ações solidárias em Curitiba

Instituições promovem ações comunitárias para auxiliar pessoas em situação de rua
Por Hellena César, Letícia Simão e Mariana Scavassin
Processo de produção de marmitas solidárias (Créditos: acervo pessoal Doceria Maria Pia)
Curitiba possui mais de 2 mil moradores de rua, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento Social. Com a pandemia do coronavírus ultrapassando os 270 mil contaminados no Brasil e a taxa de isolamento social abaixo da recomendação da Organização Mundial da Saúde, essa parcela da população fica em uma situação ainda mais vulnerável.
Em março, a Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) abriu unidades de emergência para acolher a população de rua. Os espaços foram montados em diversos pontos da cidade para que esse público não fique aglomerado. O atendimento é destinado principalmente para as pessoas que pertencem aos grupos de risco. O órgão também intensificou as orientações de higiene nas diversas unidades de acolhimento.
O cenário também motiva o trabalho de organizações sem fins lucrativos, como a Amor que Traz Vida. A entidade teve início em 2014, em Belém, e hoje atua em São Paulo e Curitiba. No Pará, o projeto funciona semanalmente, atendendo mais de 200 moradores de rua. A Amor que Traz Vida ajuda com refeições e doações de roupas, além de disponibilizar equipes de saúde, uma equipe de psicólogos e de advogados para auxiliar a população.
A cofundadora do projeto Eduarda Salimos conta que, em Curitiba, o projeto funciona desde 2017 e ajuda cerca de 120 pessoas. As ações ocorrem uma vez por mês e os produtos vem exclusivamente de doações. A responsável conta que foi difícil quando veio para Curitiba. “Um lugar novo, um espaço novo, uma dificuldade muito maior. O projeto faz parte de mim, para onde eu for, vou levar”.
Mesmo com a quarentena, a entrega das doações continua. O número de voluntários que vai para as ruas está reduzido. O grupo deve utilizar máscaras, luvas e respeitar as medidas de distanciamento propostas, sem causar aglomerações.
A doceria Maria Pia aproveitou sua cozinha para ajudar em iniciativas sociais neste momento. Maria Cassarino Perez, proprietária do estabelecimento, começou a produzir marmitas para moradores de rua em parceria com o Projeto Luz, voltado para assistência de pessoas em situação de vulnerabilidade. A organização distribuia sopa para os moradores de rua uma vez por semana. Com a chegada da pandemia, sentiram a necessidade de entregar uma comida de maior sustento, já que a maioria dos restaurantes estavam fechados e essas pessoas não teriam alternativa.
Mais de 500 marmitas foram feitas por Maria nessa parceria com o projeto. Toda comida utilizada foi arrecadada pelo café, por meio de doações e cooperação de outros pequenos comércios da região. “Inicialmente, não imaginei o retorno que estou tendo. Eu não vejo ninguém. Deixo as marmitas na sede e vou embora, mas é impressionante como isso deu um sentido diferente para a minha quarentena e para a minha vida”, conta a confeiteira.