Oscilações de energia elétrica preocupam produtores rurais no Paraná

Uma pesquisa realizada pelo Sistema FAEP revela que os agricultores e pecuaristas do Paraná estão insatisfeitos com os serviços da Companhia Paranaense de Energia (Copel), citando quedas constantes e oscilações na rede como principais preocupações.
Por Vitor Meirelles
A constante queda de energia elétrica e as oscilações frequentes na rede estão gerando preocupações entre os produtores rurais de todas as regiões do Paraná. Uma pesquisa feita pelo Sistema FAEP/SENAR-PR e conduzida pelo Instituto Paraná Pesquisas revelou que 85% dos entrevistados estão insatisfeitos com os serviços prestados pela Companhia Paranaense de Energia (Copel).
Realizada entre 26 de fevereiro e 14 de março, a pesquisa ouviu 514 agricultores e pecuaristas em diversas áreas do estado. Dos entrevistados, 38,9% expressaram insatisfação com a estabilidade no fornecimento de energia elétrica, enquanto 30,9% afirmaram estar muito insatisfeitos. Outros 15,2% relataram neutralidade nesse quesito, sem estarem satisfeitos nem insatisfeitos. A principal razão apontada para a avaliação negativa é a falta constante de energia elétrica, citada por 44% dos entrevistados, seguida pela demora na resolução dos problemas (14%) e pelas oscilações na rede (12,3%).
Quando questionados sobre sua satisfação com os serviços da Copel, quase 70% dos produtores rurais se mostraram insatisfeitos (38,9%) ou muito insatisfeitos (30,9%) com o fornecimento de energia elétrica. Além disso, a pesquisa revelou que a Copel, de acordo com o ranking de desempenho da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de março deste ano, ocupou a 25ª posição entre as concessionárias de grande porte, registrando um declínio em relação ao ano anterior.
Luis Eliezer Ferreira, Analista no Sistema FAEP/SENAR-PR, comenta do tamanho prejuízo que os produtores rurais sofrem com a constante oscilação de energia, comentando até que com essas quedas 80 a 100 mil frangos são mortos pela falta de energia elétrica. “Oscilação nas redes e quedas frequentes de energia que a gente viu aumentar nos últimos meses, tem afetado enormemente a produção dessas atividades. Por exemplo, as perdas econômicas são uma consequência direta disso. Nos nossos boletins, tem produtores que perderam todo o lote de aves e leite”, comentou Eliezer.
O analista também salientou que a maior dificuldade do produtor rural no Paraná hoje são as oscilações de energia. “As quedas são as principais dificuldades no momento. O indicador ADEC, da própria COPEL, que mostra o quanto as pessoas ficam sem energia, apontou que no setor urbano a média é de 7 horas por ano e já no Rural são 30h. Contudo, isso é uma média, tem casos que produtores ficaram mais de 100 h sem energia”, observou Ferreira.
A insatisfação dos produtores rurais do Paraná com os serviços da Copel reflete uma preocupação em relação à estabilidade do fornecimento de energia elétrica. As quedas consecutivas de energia e as oscilações na rede não apenas impactam a produção, mas também colocam em risco equipamentos e sistemas essenciais para o funcionamento das propriedades rurais. Caso de um agricultor em Terra Boa, no noroeste do Paraná, que tomou um prejuízo de 100 mil reais e perdeu cerca de 10 mil frangos por ficar sem energia em sua propriedade rural por cerca de três dias seguidos no começo deste ano.
Cyro Toledo, agricultor que nasceu em Londrina, no Paraná, assim como o produtor rural do noroeste paranaense, contempla a dificuldade de administrar uma fazenda com as inconsistências de energia elétrica. “Quando você se acostuma com a vida moderna, a falta de energia é um desastre. O descongelamento dos alimentos e dos produtos perecíveis torna-se um problema. O grande problema das fazendas não é ficar 6 ou 8 ou 10 horas, mas sim 70 ou 80 horas sem energia”, comentou Toledo.
O produtor agrícola também faz uma comparação das quedas de energia na vida urbana e na vida rural. “Nos centros urbanos ficar sem energia 5 ou 7 ou 10 horas todos reclamam e vão à imprensa para reclamar. Na zona rural fica 3 a 4 dias sem energia sendo que a distribuição de água e às fábrica de produtos para os animais ficam paralisadas, quando não queimam algum maquinário”, afirma Toledo
Para mensurar a perda financeira dos produtores rurais, o Sistema FIEP fez um estudo baseado na Cooperativa de Palotina e chegou a conclusão que no ano de 2023 apenas nesta região foram perdidos R$ 41.472.000,00 milhões devido a falta de energia elétrica na região. Deste número, R$ 4 milhões foram perdidos apenas com o frango.
Nesta pesquisa, também foi disponibilizado os números de impostos cobrados por resultado de queda de energia e o quanto a cooperativa deixou de ganhar por causa das oscilações de energia elétrica. O ISSQN (Imposto sobre serviços de qualquer natureza) de cunho municipal foi de R$ 22.540,441,00 a menos na conta do produtor rural e de imposto foi de R$ 642.132,363,00 em 2023, conforme também explica Luiz Eliezer.
Esta reportagem foi desenvolvida na disciplina de Jornalismo Investigativo do curso de Jornalismo da PUCPR.