Os perigos de lesões causadas pelo home office e exercícios sem supervisão na quarentena

A má postura como resultado de trabalhar em casa e a prática de treinos sem acompanhamento durante o período de isolamento social podem gerar graves lesões

Por André Festa, Gustavo Barossi, Hellena César, Herick Pires, Isadora Mendes e Letícia Simão

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Com a pandemia do corona vírus, grande parte da população teve sua rotina completamente alterada. Muitas pessoas migraram do trabalho para o home office e começaram a fazer exercícios sem supervisão, ambas as práticas podendo gerar sérias lesões.

Em casa, as pessoas se movimentam menos, os caminhos percorridos são menores. Além do tempo conectado, o celular virou uma das principais ferramentas de trabalho junto com o computador. O que acaba passando despercebido pela maioria das pessoas, é o que a educadora física e proprietária do Studio Moura e Takai, Marcia de Moura Takai destaca: “o que eu falo bastante é a questão da ergonomia, de sentar com os pés no chão, isso é muito importante, apoiar os pés no chão quando está sentado, apoiar as costas na cadeira”, concluindo que a posição  durante horas no computador e a maneira de sentar é crucial para evitar lesões.

A educadora ressalta os riscos em vícios de postura, como ao sentar com a perna cruzada ou em cima da perna, afetando principalmente joelho e costas, pois o quadril fica desnivelado o que pode trazer um desvio na coluna ou uma escoliose. O uso celular também tem trazidos sérios problemas para o corpo, aumentando a carga na cervical por conta da posição inadequada, atingindo mais a população jovem, que passa boa parte do tempo conectados ao dispositivo, assim como no computador. “As maiores dores vem na região do maxilar e do pescoço, e quando ele já está bem travado a dor vem pro ombro”, diz Márcia.

Com o home office, além da própria postura corporal, a posição do computador na mesa é extremamente importante, é indicado que esteja na altura dos olhos, assim como outros equipamentos. Além disso, é necessária a maior atenção nos movimentos repetitivos ao longo do dia, principalmente nas áreas das mãos e dos punhos, sendo indicada a realização de exercícios de compensação diariamente.

Exercícios em casa

Além do trabalho, outra área que teve grandes alterações durante o período de isolamento foi a prática de esportes. Segundo pesquisa do Opinion Box, 70% das pessoas entrevistadas praticam esportes com o principal intuito de cuidar da saúde física, enquanto 47% visa cuidar da mente. As rotinas de treino sofreram algumas adaptações para que pudesse ser realizados em casa, na mesma pesquisa, foi detectado que 79% das pessoas não fez investimento na hora de praticar exercícios, se adaptando com o que tinham em casa. 

A importância de cuidar do corpo e da mente durante um grande período de isolamento social é enorme. Entendendo que cada corpo funciona de uma maneira, esse é um dos princípios de Márcia na criação do Studio Moura e Takai: fornecer treino diferenciado e trabalhado com o que cada pessoa necessita para atingir seu objetivo, não forçar lesões existentes e também não gerar novas.

A mudança foi drástica para quem já possuía uma vida ativa, como para uma das alunas do Studio Gilda Barra do Amaral, “ao longo da vida fiquei acostumada a praticar exercícios, fiz yoga, natação, minha rotina sempre foi de exercícios regulares. Com a pandemia não queria prejudicar a saúde e perder os benefícios que o exercício trouxe, como a saúde pulmonar e a flexibilidade”. Visando isso e o fato de Gilda pertencer ao grupo de risco, sua professora, Márcia fazia o acompanhamento por chamadas de vídeo por conta da maioria de seus alunas já estarem acostumados com os exercícios. Gilda conta que a adaptação não foi complicada “todos fizeram o esforço para fazer funcionar. A professora, que me conhece muito bem, me instruiu da melhor maneira para posicionar o celular e realizar os exercícios com melhor visualização, assim minha sala de estar virou a academia”.

Em outros casos, não indicados, os exercícios têm sido realizados sem acompanhamento de profissionais, fazendo com que haja um grande risco de lesões. Transmissões ao vivo de treinos com milhões de visualizações passaram a ser comuns durante a quarentena, e indicam treinos que podem não ser adequados para o físico de cada pessoa, e se feitos de maneira errada contínua podem além de não trazer o resultado esperado, gerar graves lesões. “Realizar exercícios de forma errada é tão ruim quanto não fazer exercícios” conta a professora, apontando o problema em escolher exercícios sem saber suas limitações pessoais, e às vezes sem saber de lesões já existentes.