Obesidade Infantil atinge 36% das crianças no Sul

Até 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos deve estar com sobrepeso, estima OMS
Por Ivo Tragueto Neto, Mateus Bossoni, Kevin Cruz e Yasmin Soares
Cerca de 36% das crianças com idade entre cinco e nove anos na Região Sul estão acima do peso, indica a Associação Brasileira para Estudo da Obesidade (ABESO). Ainda, no Brasil, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2009, uma em cada três crianças sofrem com sobrepeso.
De acordo com a nutricionista Ivone Morimoto, a obesidade infantil pode ser causada por vários fatores, como consumo exagerado de alimentos industrializados, salgadinhos, lanches e doces. Ivone também conta que a maioria das crianças que se consultam na clínica não ingerem as quantidades adequadas de frutas e vegetais e, em alguns casos, não consomem alimentos essenciais, como leite, fonte rica em cálcio.
Além disso, para a nutricionista, as crianças estão passando muito tempo na frente da televisão e do computador e acabam por não praticar exercícios físicos, fator que agrava ainda mais a obesidade.
Segundo o professor de Educação Física do Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli Lourival Antônio Albini, as atividades físicas são importantes não só para melhorar saúde da criança, mas também para auxiliar no desenvolvimento social dela “Quando um menino começa a jogar futebol, por exemplo, ele se movimenta e diminui a chance de engordar e ficar obeso. Além disso, ao entrar em contato com o esporte, a criança aprende valores fundamentais para sua vida social”, explica o professor.
A nutricionista Ivone Morimoto relata que as crianças estão submetidas a alimentação dos pais, uma vez que eles são responsáveis por comprar os alimentos e decidir de que forma eles serão oferecidos. Dessa forma, ela defende que os pais devem ser exemplo para seus filhos, tendo consciência de que a alimentação saudável é um hábito familiar que deve ser compartilhado.
Para que os pais possam tenham noção do que deve ser dado para seu filho, a nutricionista dá orientações para uma boa alimentação. Em primeiro lugar, Ivone orienta que é necessário habituar a criança a ingerir verduras e leguminosas desde pequena, oferecendo pelo menos oito vezes cada alimento por dia.
Outra dica é generalizar a compra de alimentos saudáveis por toda a família, para que avós ou parentes não influenciem com maus hábitos. Ainda, a nutricionista ressalta a importância de oferecer leite integral à criança pelo menos três vezes ao dia, para que ela receba cotas adequadas de vitamina A, vitamina D e cálcio.
Chamar atenção nessa idade evita doenças futuras
Para o psicólogo da Secretaria de Saúde da Fazenda Rio Grande Daniel Martins, o fator da má alimentação está ligado com a publicidade sobre os alimentos industrializados, que são atrativos para o público infantil. Segundo o psicólogo, a criança não possui filtro cognitivo para determinar o que é realmente necessário.
Além disso, por meio dos personagens heroicos, as propagandas acabam sendo ainda mais persuasivas. Nesse sentido, o psicólogo explica que a criança cria uma relação de respeito e admiração com o personagem, fato que torna a propaganda mais apelativa para que o produto seja consumido.
Os especialistas ouvidos pelo Portal Comunicare lembraram da importância de aliar a alimentação saudável com as atividades físicas para que exista um desenvolvimento saudável da criança. Por fim, o professor Antônio Albini destaca que prevenir um problema, quando pequeno, pode impedir que ele ocorra na fase adulta.