Número de motociclistas mortos em acidentes cresce em Curitiba

Mais de 2,5 mil acidentes de trânsito foram registrados durante os quatro primeiros meses deste ano
Por Laís Caimi, Lara Wilsek e Maria Júlia Neves | Imagem Maria Júlia Neves
Mesmo com limite de velocidade padronizado em diversas áreas da cidade, Curitiba registra um acidente de trânsito a cada hora. Até maio deste ano, mais de 2,5 mil acidentes foram registrados na capital paranaense, segundo dados extraídos do Sistema de Estatística de Ocorrências do Corpo de Bombeiros do Paraná (SYSBM).
O número de motociclistas mortos em acidentes tem aumentado de um ano para outro. Entre 2018 e 2022, 12.292 pessoas faleceram em acidentes no estado. Desse número, 3.642 vítimas eram motociclistas (29,6% do total).
A superintendente de trânsito de Curitiba, Rosângela Battistella, explica que durante a pandemia de covid-19, as restrições sociais impostas colocaram esse grupo em destaque entre os acidentados. “As pessoas priorizaram os serviços de entrega, o que fez com que a demanda e o número de motociclistas nas ruas aumentasse consideravelmente neste período.”
Rosângela também lamenta a irresponsabilidade dos condutores. “Os motociclistas são as maiores vítimas. Buscamos reforçar as campanhas educativas e estratégias para diminuir essas mortes, como a implantação das motofaixas nas principais vias da cidade. Infelizmente, a imprudência, a pressa e o excesso de velocidade de muitos acabam elevando esses números”.
Imprudência no trânsito
William Alves, 35 anos, conta que começou a trabalhar com entregas há dois anos para complementar a renda da família. Ele acredita que quando se trabalha como motoboy, ou dirige motocicletas, é preciso ter atenção redobrada.
O profissional relata que sofreu um acidente em 2022, quando um motorista que estava dirigindo um carro desrespeitou a preferencial e o atingiu. O motoboy não sofreu ferimentos graves, mas teve muitos prejuízos com o conserto da moto, que o condutor do automóvel não pagou.
Alves reforça a importância dos motoristas prestarem atenção na direção e não usarem o celular. “O que acontece no trânsito é a falta de atenção das pessoas que estão no volante. Às vezes, elas estão distraídas mexendo no celular, o que, para mim, é uma das maiores causas de acidentes”.
José Antonio Arruda, 60 anos, conta que vários de seus familiares já sofreram acidentes no trânsito. O caso mais recente foi o de seu cunhado, que bateu a moto em abril. A colisão aconteceu na Rua Professor João Falarz, no bairro Campo Comprido, em horário de intenso movimento.
Com o impacto da colisão, o motociclista foi arremessado para o outro lado do carro e o capacete se desprendeu. O rapaz acabou batendo a cabeça e ficou inconsciente. Ele foi socorrido e encaminhado para o hospital, mas permanece em coma até o momento.
Arruda lamenta a irresponsabilidade dos motociclistas nas ruas. “A maioria não têm consciência e acredita que pode fazer tudo, inclusive andar entre os carros. Hoje em dia, a moto se tornou uma arma.”
Maio Amarelo
Em 2023, a Campanha Maio Amarelo completou 10 anos no Brasil. Com o objetivo de promover a conscientização para redução de acidentes de trânsito, a Prefeitura de Curitiba escolheu o tema “No Trânsito, Escolha a Vida!”, neste ano o movimento educativo na capital foca nos motociclistas.
Com destaque em campanhas e em ações de conscientização sobre acidentes e mortes no trânsito, ao longo de maio foram realizadas ações de capacitação em direção defensiva para funcionários de empresas de entregas por aplicativo, palestras com motoristas do transporte coletivo, visitas às escolas e empresas, abordagens a ciclistas e pedestres, entre outras.
Conteúdo extra
Com base na pesquisa mais recente realizada pelo DETRAN-PR sobre acidentes de trânsito, foi realizado um levantamento dos últimos 10 anos (de 2011 a 2021) identificando as 20 vias e 30 cruzamentos em Curitiba que apresentaram maior número de ocorrências. Utilizando esses dados, realizamos o mapeamento desses pontos em diferentes mapas.
Os ícones em vermelho representam os locais onde ocorreram mais acidentes em ambos os mapas. A intensidade da cor indica a frequência desses acidentes, sendo que, quanto mais escuro o ícone, maior o número de acidentes reportados.