Música curitibana ganha espaço através do Crowdfunding

Bandas usam financiamento coletivo para gravar álbum e estreitam laços com o público
Por Caroline Ribeiro, Felipa Pinheiro, Marcus Campos e Thais Cunha
Com a ajuda do financiamento coletivo, as bandas locais têm ganhado espaço e movimentado o cenário da música autoral no Paraná. Um exemplo recente é a banda curitibana Trombone de Frutas, que lançou em agosto o álbum “Chanti, Charango?” por meio do financiamento de fãs e colaboradores através do site Catarse.
Além de viabilizar a realização de projetos independentes, o Crowdfunding diminui a distância entre o artista e o público, que participa diretamente do processo. A plataforma permite apoiar projetos de maneira livre e pouco burocrática, em troca de pequenas recompensas, como um cd, vinil, fita k7, ou camiseta da banda.
Desde que A Banda Mais Bonita da Cidade viralizou na internet com o hit em loop infinito de Oração, em 2011, a cena da música local curitibana ganhou visibilidade e os artistas mais apoio do público. A banda foi parar na TV, ganhou a estrada em turnê internacional, e convidou os fãs para fazerem parte da produção do disco também através do Catarse, e com ela outras tantas saíram do anonimato. Em 2013, o quarteto curitibano Audac usou o crowdfunding para financiar a gravação do primeiro álbum, produzido por Gordon Raphael, produtor musical conhecido por seu trabalho com a banda The Strokes.
O crowdfunding é uma alternativa à produção cultural que dá autonomia aos artistas independentes, antes atrelados apenas às leis de incentivo cultural. Vinicius Nisi, tecladista da Banda Mais Bonita da Cidade, comenta o tratamento dado a Lei de Incentivo Cultural, que consome verba pública ao apoiar o artista, mas não oferece condições para que este se estabeleça. “Parece até que não é mais esse o foco principal de um incentivo financeiro do governo. Nesse sentido, o financiamento coletivo é uma ferramenta muito mais honesta e duradoura”, critica.
Trombone de Frutas
Para a produção do disco, “Chanti, Charango?”, gravado no lendário estúdio carioca Toca do Bandido, a banda reuniu aproximadamente 300 colaboradores, que investiram cerca de R$ 28.487,00. O álbum foi idealizado com a ajuda do estúdio de design Wake Up Colab, e encontra-se a venda no local. O disco também pode ser ouvido ou baixado no site da Musicoteca.
O sexteto formado em 2012, vem de uma longa caminhada experimental, e encontra na sua variada palheta de talentos a receita do carisma. O performático Conde Baltazar dá voz às letras que beiram um dadaísmo pós-moderno sobre os arranjos orquestradas por Marc Olaf (piano, flauta transversal); Rodrigo Chaves (baixo), João Taborda (bateria), Marcel Cruz (percussão) e a técnica de Thiago Ramalho (guitarra) completam o espetáculo corajoso e original de uma banda que não cabe em classificações.
“Tragam bacias”, dizia o post na página oficial da banda nas redes sociais, minutos antes do show de lançamento do disco, em agosto, no Teatro Paiol, em Curitiba. Os shows, sempre em tom intimista, dão um toque especial à banda, o público fica à vontade para dançar, cantar junto e até comer as frutas trazidas ao palco pelo grupo, que na opinião de Vinicius Nisi, é uma das melhores bandas locais da atualidade, com um estilo que ele chama de pós-mpb.