Movimento Passe Livre propõe modelo cooperativista para o transporte coletivo

Em busca de um transporte gratuito, movimento apresenta modelo que difere da proposta do prefeito
Beatriz Peccin
De acordo com o Movimento Passe Livre (MPL), Curitiba não tem, verdadeiramente, um transporte público. Para tal, seria necessária uma democratização do sistema. “Precisamos entender inicialmente que Curitiba não tem transporte público e sim transporte coletivo explorado pela iniciativa privada. Um exemplo de transporte público é o que ocorre em Tallinn (capital da Estônia) onde não se paga passagem. Lá, a empresa de transporte é pública (do governo)”, afirma.
Eles levantam questionamentos como: “Que iniciativa privada é essa que vai financiar o transporte coletivo? Isso ninguém explica direito”. E aponta falhas no sistema atual. “O que nós temos percebido é que são feitas propostas complexas, de difícil compreensão e obscuras. Nestes projetos, ao se investigar a fundo todo o caminho do dinheiro que financia o sistema, percebemos que ele acaba saindo do bolso do trabalhador e não dos beneficiários”, explica.
A preocupação com o trabalhador é decorrente da nova proposta do governo municipal de financiamento do transporte público pela iniciativa privada. Com a proposta, o valor do vale transporte será absorvido pelas empresas e repassado integralmente ao sistema de transporte. A falha apontada pelo movimento é de que com a diferença de salários alguns trabalhadores podem ser suprimidos pelas empresas para que essas não tenham prejuízos.
Proposta
“O que propomos no projeto que apresentamos hoje, não é a estatização como em Tallinn, mas sim o fomento do cooperativismo por parte dos trabalhadores do transporte coletivo (motoristas, por exemplo), ao passo que o capital referente a estrutura (ônibus, oficinas, garagens) seria de propriedade do governo”, defende o movimento.
Em nota a prefeitura admite o conhecimento da proposta mas afirma que ela não está sendo discutida.
Tarifa Zero
Para os militantes é viável o modelo “tarifa zero” que dependeria de um sistema público de transportes. “O debate da Tarifa Zero tem que ser feito junto à população e é justamente isso que o governo evita. É preciso investir dinheiro em métodos de diálogo coletivo, para que a população possa ser melhor informada e então decidir. É por isso que doamos o valor referente ao projeto que apresentamos hoje na PPP do Metrô (3,5 milhões) para que esta discussão receba os investimentos necessários”, relata.