Moradores protestam contra novo binário no Hugo Lange

A Construção do binário e as intervenções nas praças causa revolta nos moradores do Hugo Lange
Por Nicole Lopes, Cecília Tümler e Marcela Mazetto
O projeto realizado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) ameaça a existência praças e logradouros público entre a rua Luiz de Camões localizado no Bairro Hugo Lange. Os moradores da região desde setembro têm se reunido nas manhãs de domingo para protestar contra a obra pública e a destruição das áreas verdes
A Prefeitura Municipal de Curitiba pretende revitalizar a linha de ônibus Inter 2 e outras duas com a criação de um binário que liga os bairros Ahú e Jardim Botânico . A criação do binário é discutida há oito anos, para ampliar e melhorar a mobilidade do transporte público. Na manhã de quarta feira (09) o projeto foi aprovado pela Câmara dos Vereadores.
Somente a linha Inter 2 seria beneficiada, porém a proposta foi ampliada para abranger as linhas Interbairros II e Cabral/Portão. A intervenção será realizada nas ruas Jaime Balão, Sete de Setembro, Padre Germano Mayer e Luiz de Camões onde se encontram as praças Jardim do Poeta Leonardo Henke, Largo Isaac Lazzarotto, Jardinete Professor Oswaldo Dória e Jardinete Aline Cordeiro Parigot de souza.
Na descrição do projeto, um dos objetivos é a ampliação e revitalização das áreas verdes e de lazer. Na prática, a construção do binário passará por cima de um jardinete, uma praça e largo que será afetado parcialmente. Entre as áreas afetadas estão o tributo ao poeta curitibano Leonardo Henke, que morava na região; e também o patrimônio histórico de Isaac Lazzarotto em homenagem aos ferroviários.
Insatisfeitos com a possibilidade de destruição das praças, os moradores criaram o movimento Longa Vida ao Arquipélago de Camõe. Segundo o grupo, que também usufrui da linha de ônibus Cabral/Portão, afirmam que o projeto não vai ter melhoras significativas no trânsito, como justifica IPPUC. “Existem outros pontos que precisam de maior atenção como a Avenida Senador Souza Naves e a Avenida Afonso Camargo até o trilho de trem.” diz o organizador do grupo, Draúzio Almeida.
A organização entrou em contato com o IPPUC no dia 28 de agosto e até o momento ainda não obteve respostas, o que infringe a lei Nº 12.527, cuja todo pedido deve ser atendido em até 10 dias.
Urbanista e morador da região há 40 anos, José Sanchotene é contra a falta de democracia na gestão existente no projeto. “No momento que começam a realizar vias expressas no sentido único vai passar interferir na vida local da região. É necessário o consentimento dos moradores. O que não aconteceu aqui.” afirma.
Além disso há queixa pela perda de qualidade de vida no bairro e a presença de escola para alunos com deficiência auditiva e a Associação de Pais e Amigo dos Excepcionais (APAE) localizada Rua Camões. A Prefeitura conseguiu R$ 9,4 milhões provindos do Programa Pró-Transporte Público (PAC 2) do Ministério das Cidades, fundo financiado pelo Governo Federal. E mais investimento de R$ 498,6 mil do município para financiar o projeto.
A revitalização do IPPUC
O IPPUC nega a destruição e sugere uma nova área para os moradores. “A proposta prevê a revitalização dessas áreas remanescentes e o aumento das mesmas sobre áreas pouco utilizadas. Como resultado, haverá um aumento de 72% em áreas de verdes e de lazer, atendendo a população local com novos equipamentos. Estamos também estudando a implantação de espaços dedicados a idosos e aos ciclistas, próximo a Rua Itupava.” afirma o Coordenador de Mobilidade Urbana, Marcio Augusto de Toledo Teixeira.
Relembre outros casos
Em 2007 a Prefeitura autorizou a abertura da Praça Miguel Couto, conhecida como Pracinha do Batel. Com a intenção de melhorar o trânsito na região, a obra abriu a praça e ligou as ruas Carneiro Lobo à Desembargador Costa Carvalho. O projeto causou revolta nos moradores da região, principalmente, por não serem convocados a dar uma opinião sobre intervenção. A obra deu início as cinco da manhã e um morador foi preso ao tentar impedir as máquinas.
Outra polêmica envolvida com os moradores, é o projeto da linha Expresso Ligerão Norte, que pretendia ligar o Terminal Santa Cândida à Praça do Japão. A obra visava interferir na Praça do Japão para construção de uma nova canaleta. Os moradores e comerciantes locais aflitos com a intervenção e a falta de consulta, se reuniram-se e realizaram protestos com faixas ao redor da praça e além de um baixo assinado para impedir a implatação do Ligerão. A manifestação foi bem sucedida e o projeto não foi realizado.