Mercado audiovisual cresce em Curitiba

Mesmo com cortes de incentivo no ano de 2019, cenário cinematográfico sai da estaca zero na capital
Por Gustavo Barossi, Rafael Coelho e Rebeca Trevizani
Crescimento do mercado local gera controvérsia entre as produtoras, mas fato é que a situação atual apresenta trabalhos de repercussão nacional. Essa evolução vem em uma crescente desde 2011 com a lei que impulsiona produções independentes no horário nobre da TV brasileira.
Em Curitiba, o crescimento surge a partir de diversas leis de incentivo no âmbito estadual e municipal, segundo Ana Johann, diretora, roteirista e dona da Capicua Filmes, produziu e gravou em Curitiba, filmes como “Você ainda não está morta” e “A mesma parte de um homem”. Já Tiago Felipe, membro da produtora Grafo, não faz a mesma projeção para o mercado de produções mas admite que um passo foi dado “O que ocorreu é que algumas séries foram gravadas e isso faz com que não estejamos mais no zero, contudo ainda me parece que são ações isoladas e não um crescimento organizado para que seja contínuo e duradouro”, analisa.
A partir da lei 12.485, de 2011, se tornou obrigatório a presença de conteúdo audiovisual independente em horário nobre nas emissoras de TV, o que, segundo o roteirista e diretor, Rafael Waltrick, é um dos fatores que influenciaram o crescimento das demandas do cinema local independente. Rafael é o criador da série “ContraCapa”, lançada no ano passada em rede nacional na TV Brasil e TV Educativa do Paraná. Diversas produtoras curitibanas utilizam de leis de incentivo, como a Grafo Audiovisual e Capicua Filmes.
Mesmo com o corte de 43% dos fundos para Ancine, o Paraná recebeu edital com financiamento de 10 milhões para produções locais neste ano. O Fundo Municipal de Cultura disponibilizou R$ 600 mil para 19 projetos no início do ano.
A advogada Gabriele Oliveira, consumidora de conteúdo audiovisual nacional, evidencia uma possível mudança no mercado cinematográfico brasileiro. Ela aponta a melhoria de qualidade dos filmes e séries nos últimos anos, “Acredito que isso se deva a um maior incentivo econômico para as produções, além de uma melhora na conscientização e valorização da população”. Com a maior popularização das plataformas de streaming, o investimento para produções nacionais e independentes aumenta, abrindo espaço para quem antes não era tão visto. Séries como Mecanismo e Irmandade são exemplos que deram maior visibilidade à capital, com cenas gravadas na cidade e em presídio em Piraquara.