Marcas sustentáveis ganham espaço no mercado

Sebrae tem preceitos para classificar marca como “sustentável”
Por Isabel Bruder Woitowicz
A empresária curitibana Helena Bruder enxergou um novo nicho de mercado do qual ela já fazia parte. Adepta ao veganismo, há muitos anos a arquiteta abandonou papéis, canetas e a cidade natal para se dedicar à arte de produzir artesanalmente cosméticos e produtos de beleza naturais em sua própria fazenda em Goiânia.
“Antes, eu fazia sabonetes e cremes 100% artesanais e naturais para consumo próprio e venda em feiras locais. Com o tempo, os clientes foram aumentando e eu e meu filho resolvemos transformar este negócio em uma empresa. Hoje meus produtos não são mais 100% naturais porque a Anvisa não autoriza certos materiais, mas eles ainda são 80 ou 90%”, comenta Helena.
Para ser considerada sustentável, uma marca precisa seguir alguns parâmetros estabelecidos pelo Sebrae: respeitar o meio ambiente, valorizar a cultura local e usar materiais sustentáveis (orgânicos, reciclados ect). O conceito de “green lifestyle”, modo de vida verde em português, atrai cada vez mais adeptos que buscam marcas e produtos que não contenham tantos produtos químicos e que assim, respeitem a natureza.
No discurso tudo é muito bonito, mas na prática, as marcas sustentáveis enfrentam alguns obstáculos para se estabelecer no mercado. Para Helena, uma das maiores dificuldades é encontrar mão de obra. Por produzir a maioria dos materiais utilizados na fabricação dos produtos na fazenda, foi necessário encontrar agricultores, apicultores e trabalhadores rurais para auxiliar no plantio e no cuidados com as plantas e animais. “Hoje em dia ninguém mais quer trabalhar no campo. Uma das nossas missões é valorizar esta mão de obra e mostrar para estas pessoas que o trabalho delas também é de extrema importância para a sociedade”, diz Helena. Além dos produtos, a fazenda ainda produz vegetais e frutas orgânicas que são vendidos semanalmente nas feiras de Goiânia.
Para a curitibana, outro ponto complicado é o preço que o produto final leva. “Nossos sabonetes, por exemplo, são feitos a base de argila e alecrim, levam mel, lavanda e outras plantas. Todo esse cultivo leva tempo e exige muito cuidado e dedicação. Não usamos nenhum tipo de agente químico nas plantações, por isto, as flores e folhas são menores e vêm em menor quantidade. Todo este processo manual leva o preço lá em cima, e as pessoas muitas vezes não estão dispostas a pagar por todo o trabalho agregado”, enfatiza Helena.
Moda sustentável
Outra paranaense que resolveu se aventurar no mundo verde foi Tatiana Hadas. Proprietária de uma marca de roupas sustentável, a empresária ainda está começando, e expõem seus produtos em uma barraquinha na feirinha do Largo da Ordem, no Centro da cidade desde o começo de 2015.
As roupas que Tatiana confecciona e vende são feitas de algodão orgânico e cânhamo, uma planta variada do cannabis que é comumente usada para fins têxtis. “Normalmente os clientes se interessam primeiro pela roupa e depois pelo material que ela é feito. Quando eles descobrem que é material orgânico e sustentável, eles ficam surpresos e acabam gostando ainda mais das peças” comenta Tatiana.
Para os consumidores, a sustentabilidade agregada a marca é um diferencial. Além de ajudar o meio ambiente, no caso da linha de cosméticos de Helena, os produtos acabam sendo menos agressivos para o corpo. Mariana Ribeiro é uma das compradoras da marca, e comenta que, pelo fato de terem menos aditivos químicos, não agridem tanto a pele. “É ideal para peles sensíveis e alérgicas” comenta.