Mais de 65 mil crianças aguardam vagas em creches do Paraná

O déficit de vagas nas creches do Paraná ainda é uma preocupação que atormenta as famílias paranaenses
Por: Milena do Prado e Yudi Hiroki | Foto: Luiz Costa/SMCS (arquivo)
São mais de 65 mil crianças aguardando, atualmente, uma vaga nas creches públicas do estado. O levantamento foi feito em mais de 270 municípios de todo território paranaense pela Defensoria Pública do Paraná.
Segundo dados de 2023, a quantidade de crianças com idades entre 0 e 3 anos é de 433 mil, enquanto a capacidade de atendimento das creches no estado é de 170 mil, dessa forma, 65 mil crianças ainda aguardavam nas filas de espera. A previsão para 2024 contava com a abertura de apenas 15 mil vagas.
Segundo a assistente social efetiva do SUAS e técnica do CRAS Luana Naiara da Silva, crianças que não têm acesso a vagas em creches, além de estarem mais expostas a falta de estimulo e desenvolvimento, ficam sujeitas a ameaças como exploração sexual, trabalho infantil, miséria e violência.
Quanto às famílias, muitas mães não têm rede de apoio e acabam recorrendo às creches para suprir essa necessidade. Luana destaca ainda mais as complicações por trás do caso: “O acesso negado às creches acarreta em mais empobrecimento das famílias, que na maior parte das vezes são famílias monoparentais, que deixam de trabalhar por não conseguirem as vagas e não possuírem rede de apoio. Mesmo sendo beneficiárias dos programas de transferência de renda do governo federal, esse valor é insuficiente para arcar com todas as despesas de um lar.”
Visando suprir as carências, o Governo do Paraná investiu neste ano cerca de R$150 milhões na execução de 30 projetos para implementação de novos CMEIs. Os quais foram aplicados em municípios como: Altamira do Paraná, Mangueirinha, Santa Mariana, Santa Mônica, Alto Paraná, Arapuã, entre outros.
Curitiba: Mais de 7000 crianças na fila de espera
Apesar da divulgação em portais oficiais da prefeitura de Curitiba contar com a construção de três creches em dois meses neste ano, totalizando a abertura de cerca de 430 novas vagas, o déficit de atendimento no município era de 7500 crianças em fevereiro.
Como forma de tentar acelerar a burocracia envolvida na inscrição para as vagas, a capital paranaense optou por implementar um sistema de cadastro online, no qual o responsável deve selecionar cinco unidades de seu interesse e aguardar o chamado. Porém, a cidade ainda não conseguiu suprir toda a demanda e milhares de crianças sofrem com a falta de vagas.
Moradora de Curitiba e mãe solo de uma menina de um ano e quatro meses, Francisca Rozana relatou estar na fila de espera desde fevereiro, ainda na esperança de conseguir uma vaga. No site de cadastro da prefeitura, não há informações sobre a posição da filha na lista, obrigando a mãe a aguardar às cegas, sem perspectivas de poder voltar a trabalhar. Em relato, Francisca alegou: “Muitas mães solo, como eu, dependem da creche”.
A Secretaria de Educação de Curitiba afirma ter projetos para construir novos CMEIs, além da abertura de mais contratos com conveniados. Já são mais de 235 unidades e cerca de 200 conveniados, dessa forma, a prefeitura vem tentando suprir a insuficiência de vagas. Ainda segundo o órgão, a quantidade de crianças na fila de espera é inferior aos números divulgados anteriormente.