LGPD movimenta mercado curitibano

Segundo especialistas, empresas que se adequarem primeiro terão vantagem competitiva
Por Flávio Luz, Pedro Almeida e Rafael Coelho
As empresas nacionais têm até maio, de 2021, para se adequarem à lei 13.709/18, Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que dispõem sobre dados pessoais e altera o Marco Civil da Internet. Todas as entidades, públicas ou privadas, que coletem e/ou armazenem dados pessoais precisarão estar em conformidade com os dispositivos legais.
Entretanto, uma pesquisa do Serasa Experian aponta que menos de 30% das companhias conseguirão atender as exigências no tempo devido. Quem não estiver de acordo sofrerá penalidades que podem chegar até 2% do faturamento, limitado a R$ 50 milhões.
De acordo com o professor Altair Olivo Santin, doutor na área de cibersegurança e coordenador da pós-graduação em informática da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), são diversos os motivos que dificultam a adaptação a tempo. Entre eles: falta de profissionais qualificados na área; soluções tecnológicas específicas e, principalmente, mudança cultural que a nova lei traz para as organizações.
“Quanto à privacidade, é preciso treinar todos os funcionários que têm contato com dados para se adequar à lei. Hoje, as empresas têm dados espalhados por vários setores, mas precisarão repensar esse uso das informações de forma que os setores consigam trabalhar, mas sem infringir a lei”, comenta Santin.
Mercado curitibano
A necessidade de adequação à LGPD está impulsionando as empresas que atuam em Curitiba ou enxergaram potencial aqui. Como é o caso da ISH Tecnologia, organização de segurança, infraestrutura e nuvem do Espírito Santo, que inaugurou, em março, uma filial na capital paranaense. O objetivo é ampliar negócios na região e a expectativa é faturar mais de R$ 30 milhões até o final de 2020.
Outra empresa que se preparou para atender a demanda foi a Winov, startup curitibana de cloud corporativa, que buscou se adequar às exigências da legislação ainda em 2019. Além de alocar dados em um Data Center no Brasil, cumprindo as imposições de armazenar os dados no país, a Winov usa hardwares dedicados de marca especializada em cibersegurança.
Vantagens competitivas
Segundo o gerente de negócios de governança, risco e conformidade da ISH Tecnologia, Cristiano Gouveia Silverio, mais do que cumprir a legislação, a regulamentação de privacidade traz benefícios financeiros “Investir em privacidade reduz custos com respostas de vazamento de informações pessoais, além do próprio conhecimento que vem da melhor governança de dados que agiliza processos e possibilita novos modelos de negócios”, defende.
De acordo com a pesquisa Data Privacy Benchmark Study 2020, 70% das organizações afirmam ter obtido vantagens comerciais significativas por causa da privacidade de dados. Além disso, essas empresas recebem, em média, benefícios equivalentes a 2,7 vezes o investimento que fizeram.
O advogado Paulo Vinícius de Carvalho Soares, do escritório Lee, Brock, Camargo Advogados (LBCA), acrescenta que as corporações que se adaptarem primeiro à LGPD terão um diferencial competitivo, porque conquistarão um mercado sedento por empresas em conformidade.
Soares, que também é membro da International Association of Privacy Professionals (IAPP), explica que “grande parte das legislações estrangeiras coloca uma barreira econômica para as empresas e países que não se adaptarem, ou não tiverem, em conformidade com a lei geral de proteção de dados nacional.”