Letícia Lanz

por Laura Luzzi
Letícia Lanz

Candidata à prefeitura de Curitiba pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Letícia Lanz é Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR, possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Membro convidada da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB-Paraná, desde 2015. Em 2014, foi candidata a deputada federal, mas não foi eleita.

Confira as checagens feitas pela nossa equipe:

A candidata à prefeitura de Curitiba, Letícia Lanz (PSOL), ao ser entrevistada pelo podcast Ortogonal, em seu episódio da série de candidatos, afirmou que o Uruguai conta com um grau de desenvolvimento “invejável”, juntamente com a Holanda e a Dinamarca. A declaração foi feita em um contexto de política antiproibicionismo, na qual Lanz afirma acreditar que a proibição das drogas não tem efeito positivo. Será verdade?

Pioneiro na legalização da maconha, em 2013 o Uruguai passou a tomar como responsabilidade do Estado a plantação, distribuição e venda da planta para consumo. No ano em que ocorreu a legalização, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país ocupava a posição 51. No ano seguinte, o Uruguai subiu no ranking e passou a ocupar o 50º lugar. Mas onde será que isso se traduziu?

De acordo com o resumo divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a melhora se deve a um sub índice específico da economia. Naquele ano, o Uruguai fechou com uma renda per capita de US$ 18.108, enquanto em 2013 foi de US$ 13.333. Entretanto, outros sub índices – como educação e saúde – não tiveram nenhuma mudança significativa.

Pelos dados, é possível afirmar que a ligação da legalização da maconha e desenvolvimento, sugerida por Letícia Lanz, não ocorreu de forma ampla, mas sim em um setor específico. Vale lembrar que o IDH não leva em consideração fatores importantes como liberdade, democracia, equidade e sustentabilidade.

A fala da candidata dá a entender que a legalização das drogas trouxe um desenvolvimento expressivo ao Uruguai. Esse desenvolvimento, entretanto, não é elaborado. Apesar da melhoria econômica, a região da América Latina, juntamente com o Caribe, mantém a maior cota do mundo em relação à desigualdade de renda, segundo apontamento do PNUD. Além disso, no ano que sucedeu a legalização, os investimentos na saúde e educação não foram expressivos o suficiente para pontuar no relatório da ONU. 

A declaração, portanto, pode ser considerada exagerada. Apesar de não ser uma mentira – o país, de fato, se desenvolveu –, a colocação dá a entender que houve melhoria na qualidade de vida. Nesse sentido, a afirmação supõe algo que não necessariamente ocorreu.

 

Post no perfil da candidata afirma: “Curitiba não possui uma lei sequer a respeito da acessibilidade”

Em postagem no perfil oficial da campanha da candidata à prefeitura de Curitiba pelo PSOL no Instagram no último dia 19, Letícia Lanz afirmou que não existe uma lei municipal sequer acerca do tema de acessibilidade. Segundo a publicação, existem apenas algumas portarias específicas, o que seria insuficiente para garantir acessibilidade à população com deficiência no município.

Afinal, será que é verdade que a cidade de Curitiba não possui nenhuma lei de acessibilidade e, portanto, negligencia as necessidades de PCDs?

O município de Curitiba, tal como todas as cidades do país, seguem a  hierarquia das normas jurídicas que se dá da seguinte forma: Constituição Federal, Emendas Constitucionais, Leis Complementares, Leis Ordinárias, Decretos Governamentais, Atos Normativos, Portarias e Resoluções. Ou seja, é dever de todos os municípios seguirem as leis nacionais e estaduais. Considerando que as leis federais englobam diversas necessidades e, ainda, são seguidas as normas do Estatuto da Pessoa com Deficiência e as Normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), não se faz necessária a criação de leis que reafirmem o que já está imposto em âmbito nacional. 

Não só por isso a afirmação de que o município não tem lei acerca acessibilidade feita no perfil de Letícia Lanz é descabível. De acordo com apuração da equipe de reportagem, foi encontrada a Lei Ordinária 1.524/2018 que Dispõe sobre a obrigatoriedade da apresentação de obras cinematográficas adaptadas para pessoas com deficiência auditiva, utilizando o recurso da legendagem em português nos filmes nacionais e estrangeiros.

Portanto, a declaração da candidata à prefeitura pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Letícia Lanz, é falsa. 

Para mais detalhes sobre a legislação de acessibilidade na cidade de Curitiba acesse: https://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/legislacao-de-acessibilidade/3127.

“O desemprego é um fato real e as pessoas que estão desempregadas não vão encontrar colocação nos antigos postos de trabalho que foram tomados pela tecnologia e pela inteligência artificial”

 

A deputada Letícia Lanz afirmou em entrevista ao jornal Plural, no dia 29 de outubro, que o desemprego na cidade de Curitiba é fator resultante da evolução tecnológica. 

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o aumento do desemprego no estado do Paraná saltou de 9,97% para 11,1%, em 2020. Contudo, a causa desse aumento não pode ser atribuída, necessariamente, aos avanços tecnológicos, já que seria necessário um estudo mais aprofundado acerca do tema. Sabe-se, no entanto, que o desemprego foi, em grande parte, resultado da pandemia do novo coronavírus. 

De acordo com levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Covid-19 Mensal uma versão extraordinária da PNAD Contínua que pretende identificar o impacto da pandemia no mercado de trabalho, 648 mil pessoas estão desempregadas no Paraná.

Portanto, é impossível verificar se a evolução tecnológica afetou o índice de desemprego.

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