Jovens profissionais superam inexperiência durante pandemia

Mesmo fora do grupo de risco, novos profissionais estão se expondo ao COVID-19 no começo de suas carreiras profissionais.
Por Herick Pires, Isadora Mendes e Raissa Micheluzzi
Diante a crise ocasionada pelo coronavírus, o Ministério da Saúde convocou médicos para reforçar o atendimento em postos de saúde e tentar controlar o aumento dos índices de pessoas contaminadas com a doença. Mais de quatro mil profissionais da saúde atenderam ao chamado. Em Curitiba, cerca de 70 novos médicos foram acionados para as diferentes unidades básicas em reorganização no combate ao COVID-19. Neste cenário, há recém-formados de todo o país que estão iniciando suas carreiras durante a pandemia, colocados em situações, até então, completamente desconhecidas.
Apesar de terem matérias na faculdade focadas em epidemiologia como algo básico para cursos da área da saúde, os estudantes relatam que não passam de experiências teóricas. Médicos que já haviam começado suas experiências profissionais há pouco tempo, também viram suas rotinas mudadas com a chegada da pandemia em Curitiba. O residente em infectologia Allan Cordeiro, que atua no Hospital Nossa Senhora das Graças, conta sobre o cuidado com os suspeitos do novo coronavírus. “Há toda uma preparação para o atendimento dos casos suspeitos desde os equipamentos de proteção individual da equipe de saúde até o paciente, que recebe uma máscara e é atendido em local específico”.
O infectologista também aponta que até mesmo médicos mais experientes estão aprendendo a lidar com situações desconhecidas ocasionadas pela chegada do coronavírus na cidade. “Não há setor da sociedade preparado para uma pandemia antes que ela ocorra. Todos estamos tendo que nos adaptar e nos esforçar para a realidade de hoje”, observa.
Visando maior proteção dos profissionais os EPIs, os Equipamentos de Proteção Individual, estão sendo usados com mais frequência. Os itens auxiliam na manutenção da segurança tanto dos profissionais quanto de pacientes. Medidas foram tomadas para evitar o contato direto de diferentes maneiras dentro do âmbito hospitalar, desde a parte administrativa até o os leitos hospitalares. “Há toda uma mudança na logística do hospital para os funcionários. Uma pandemia é um processo dinâmico, e dependendo da demanda as rotinas vão mudando”, comenta Cordeiro.
Na realização de atendimentos, a equipe médica precisa ter cuidado triplicado e utilizar instrumentos como o “face shield”, um tipo de protetor de rosto, mas há centros de atendimento, como o Hospital Universitário Cajuru, que possuem o equipamento. “Existe a orientação de usarmos o “face shield”, mas nós não possuímos, então procuramos se proteger o máximo durante a intubação para não correr o risco de se contaminar”, conta o residente em emergência e urgência Guido Schwartz
Apesar de ser uma situação delicada, a pandemia também serve como um momento de aprendizado para novos profissionais. “É diferente porque em uma residência médica tem tanto a parte prática quanto acadêmica, e nesse momento tudo tem se voltado mais para o COVID-19”, comenta o médico Allan Cordeiro. Outras emergências continuam existindo tanto para novos e velhos profissionais da saúde, mas o coronavírus é a emergência e prioridade de todos no momento.