Jornalistas esportivos debatem na PUCPR o mercado de trabalho

Palestra foi promovida pelo Centro Acadêmico de Comunicação e Artes (CACOM) e aconteceu na PUCPR
Por Isabelli Pivovar e Maria Fernanda Coutinho
A Semana Acadêmica VozEArte, organizada pelo Centro Acadêmico de Comunicação e Artes (CACOM) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), recebeu na manhã desta quinta-feira (23), a palestra “O jornalismo esportivo nos tempos modernos”, com a participação dos jornalistas esportivos Diogo Souza (Tribuna), Gudryan Neufert (Fox Sports) e Monique Silva (Globo Esporte). A conversa abordou temas como o jornalismo esportivo na era das redes sociais e a rotina trabalhando em grandes veículos.
Confira a programação completa da Semana Acadêmica VozEArte
Durante o bate-papo, os jornalistas dividiram com o público dicas para quem sonha em seguir a profissão. “Para ter sucesso no jornalismo esportivo, é fundamental o jornalista já ter sido torcedor, ter ido pra arquibancada” conta Neufert. Experiências durante a carreira e a admiração pela área também foram compartilhadas. Segundo Souza, “esporte é paixão, é um ‘negócio’ que toca, que arrepia”.
Confira abaixo a entrevista concedida pelos palestrantes ao Portal Comunicare.
Como vocês se sentem sabendo que são inspiração para a galera mais jovem?
Diogo Souza: “Eu acho muito gratificante. Quando eu estava na faculdade, eu me espelhava bastante em quem estava no mercado e tentava aprender com eles. Receber o feedback é bem legal”.
Gudryan Neufert: “Eu acho ‘massa’. A gente trabalha e se esforça, não é fácil conseguir espaço e se manter no mercado. E você ser reconhecido ou servir de exemplo pra alguém, passar o conhecimento que você tem pra outra pessoa, não tem preço”.
Com a velocidade que vocês tem que publicar matéria hoje em dia, a qualidade acaba caindo?
Monique Silva: “O grande ‘x’ da questão da nossa profissão é esse, agilidade versus qualidade, porque eu tenho que ser rápida pra colocar uma matéria no ar e não pode se dar o luxo de errar a informação, ainda mais em um veículo grande, que tem credibilidade. Mas acho que caiu muito, sim, justamente pelo fato de ter pouco tempo pra publicar”.
Diogo Souza: “O repórter ou editor é muito cobrado pela velocidade da informação, pra ter mais retorno e audiência. Meio que coloca de qualquer jeito.”
Gudryan Neufert: “Hoje em dia tem muita notícia, o tempo todo. Aparentemente parece que a qualidade caiu. Mas ao mesmo tempo é uma coisa boa. Quanto mais notícia tiver, melhor. Tem que ter uma visão mais otimista”.
O jornalismo ainda é um segmento dominado por homens. Como vc fez pra conquistar seu espaço e se manter nele?
Monique Silva: “É complicado, eu queria ver muito mais mulheres nessa área, só que existe muito preconceito e falta de vaga. Parece clichê, mas se você gosta, vai atrás e procura as oportunidades”.
Você acha que hoje, mesmo ainda sendo difícil, o mercado de esportes está mais aberto para mulheres?
Monique Silva: “Acho. Ainda existe, mas já foi muito pior. As jornalistas que vieram antes de mim, sofreram muito mais, hoje em dia as pessoas estão acostumadas a ligar a TV e ver mulher ali, antigamente não era assim. Mas ainda tem muita gente que não gosta, que não aceita o que a mulher fala. A gente não se permite o erro. Jornalista por si só já não pode errar, agora, por ser mulher, é pior ainda”.
Quais são as suas expectativas para o jornalismo esportivo no futuro?
Gudryan Neufert: “Eu sou otimista, pra todas as plataformas. O esporte tem uma coisa que os outros cadernos não tem: os eventos. Não tem como acabar isso. A diferença é que vai ser cada vez mais ao vivo”.
Monique Silva: “Que tenha mais vaga. Sinceramente, eu fico sentida por não ter muita oferta. Hoje eu estou na Globo, amanhã se eu for demitida, não sei. Mas minha expectativa, para o jornalismo em geral, é que melhore em emprego, e isso não daqui três ou cinco anos, mas agora, ano que vem”.
Diogo Souza: “Eu sou bem otimista também. até pelos outros esportes, eu cubro MMA, por exemplo, e está tudo crescendo bastante. Então, vão surgir cada vez mais oportunidades. Acredito que só tem a melhorar”.