Iminência de alagamentos ameaça Parolin

Só em 2023 já foram registrados 11 ocorrências de alagamentos e inundações em Curitiba
Por Ryan Minela|Foto: Ryan Minela
A falta de um sistema de macrodrenagem funcional para o Rio Belém faz com que os habitantes do bairro do Parolin estejam constantemente ameaçados por alagamentos e inundações. No ano passado, houve um aumento significativo desses fenômenos no Paraná. Segundo dados da Defesa Civil, em 2021 foram 32 registros, e em 2022 esse número subiu para 73, maior índice no Estado desde 2013.
Em 2023, até o momento, foram 11 notificações de casos de inundações e alagamentos. Só na cidade de Curitiba, entre os anos de 2019 e 2021, 12 mil pessoas foram vitimadas por esse tipo de desastre.
Frequentes há pelo menos uma década, alagamentos no Parolin são problemas sociais e de saúde pública endêmicos. Consequências da própria constituição geográfica do local somadas ao descaso da prefeitura, causam prejuízos materiais e de saúde aos moradores da região. É o que diz Edson Pereira Rodrigues, mais conhecido como Edson do Parolin, ex-vereador (PSDB) e dirigente da associação de moradores do bairro.
Segundo ele, não havia alagamentos antes do início da obra de drenagem empreendida pela prefeitura de Curitiba. A ação retirou barrancos e a mata ciliar que ladeava o Rio Belém, dificultando um escoamento apropriado da água das chuvas. “Antes da obra da prefeitura, não tinha alagamento. Tinham barrancos, árvores. Nós nunca tínhamos sofrido com alagamentos. Daí, a prefeitura resolveu fazer uma obra de drenagem. Tiraram os barrancos, cortaram as árvores, fizeram um muro de concreto em volta do rio. Depois desse dia, qualquer chuva que dá, é 200 casas alagadas. Não dá menos.”
O ex-vereador conta ainda que a obra começou na gestão do ex-prefeito Beto Richa (PSDB), atravessou a prefeitura de Luciano Ducci (PSB), de Gustavo Fruet (PDT) e Rafael Greca (PSD) sem nunca ter sido concluída. “Hoje, a obra vai se arrastando”.
A reportagem entrou em contato com o Departamento de Pontes e Drenagem e com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Curitiba. No entanto, até o momento da publicação, não houve resposta.
Moradores se queixam da perda de seus bens materiais e das dificuldades trazidas pelas enchentes. “A gente perde sofá, guarda-roupa, a gente perde tudo, né?”, lamenta Sandra Pereira da Silva, 34, moradora do bairro há 3 anos. Ela diz que, em períodos de chuva regular, a água “sobe até as canelas das pessoas”. Porém, quando o fluxo das chuvas se intensifica, principalmente no verão, “chega a atingir os joelhos”. Relata também que a água invade todos os cômodos da casa, “Ela entra em tudo: cozinha, quarto, sala, tudo. Quando começa a chover, eu já começo a erguer as coisas. O rio enche rápido”. Quando o caminhão de lixo não passa a tempo de fazer a coleta, Sandra afirma que cabe aos próprios moradores tirarem as sacas de lixo das ruas, para evitar que os bueiros se entupam e agravem o alagamento.
“Qualquer chuvinha, alaga mesmo. Vem até o joelho. Às vezes, se a chuva for muito forte, vem até a cintura. A gente perde cama, sofá, cadeira. Tudo isso se perde. No meu salão, já entrou também. Perdi muitos materiais. Se ficar meia horade chuva, o alagamento é mais forte”, revela Anne, 17, designer de sobrancelhas em um salão de beleza do bairro e que teve o trabalho prejudicado pelas cheias do Rio Belém.
Outros moradores também contam que não é preciso chover muito para o rio transbordar e invadir as casas da região. Alagamentos e enchentes são eventos rotineiros no bairro, tanto que os habitantes relataram ter construído comportas em suas casas para impedir o acúmulo da água invasora. Além disso, os entrevistados ouvidos pela reportagem demonstram saber de cor os procedimentos que devem tomar para evitar maiores estragos nessas ocasiões de calamidade.
A situação, porém, não se limita a danos materiais. Nos períodos de alagamentos, as águas podem conter diversos tipos de doenças. Moradores afirmam que já houve, no local, casos de contaminação e até óbitos decorrentes da leptospirose.
Enquanto isso, o sistema de macrodrenagem permanece uma promessa inconclusa. Edson do Parolin, defende que o cenário precisa mudar:
“A gente precisa que acabem as enchentes. As famílias da comunidade vão perdendo a autoestima de tanto levar enchente e não ter resultado. Levam chuva e não veem solução. Perdem tudo o que ganham. Os moradores, aqui, confiam na obra. A intenção era boa. Mas ela vem dando transtorno na vida do povo há anos. Porque ela teve data para começar, mas não tem data para terminar.”
Segundo ele, não havia alagamentos antes do início da obra de drenagem empreendida pela prefeitura de Curitiba, que retirou barrancos e a mata ciliar que ladeava o Rio Belém, dificultando um escoamento apropriado da água das chuvas. “Antes da obra da prefeitura, não tinha alagamento. Tinham barrancos, árvores. Nós nunca tínhamos sofrido com alagamentos. Daí, a prefeitura resolveu fazer uma obra de drenagem. Tiraram os barrancos, cortaram as árvores, fizeram um muro de concreto em volta do rio. Depois desse dia, qualquer chuva que dá, é 200 casas alagadas. Não dá menos.”
O ex-vereador conta ainda que a obra começou na gestão do ex-prefeito Beto Richa(PSDB), atravessou a prefeitura de Luciano Ducci(PSB), de Gustavo Fruet(PDT) e Rafael Greca(PSD) sem nunca ter sido concluída. “Hoje, a obra vai se arrastando”.
A reportagem entrou em contato com o Departamento de Pontes e Drenagem e com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Curitiba. No entanto, até o momento da publicação, não houve resposta.
Moradores se queixam da perda de seus bens materiais e das dificuldades trazidas pelas enchentes. “A gente perde sofá, guarda-roupa, a gente perde tudo, né?”, lamenta Sandra Pereira da Silva, 34, moradora do bairro há 3 anos. Ela diz que, em períodos de chuva regular, a água sobe até as canelas das pessoas. Porém, quando o fluxo das chuvas se intensifica, principalmente no verão, chega a atingir os joelhos. Relata também que a água invade todos os cômodos da casa: “Ela entra em tudo: cozinha, quarto, sala, tudo. Quando começa a chover, eu já começo a erguer as coisas. O rio enche rápido”. Quando o caminhão de lixo não passa a tempo, Sandra afirma que cabe aos próprios moradores tirarem as sacas de lixo das ruas, para evitar que os bueiros se entupam e agravem o alagamento.
“Qualquer chuvinha, alaga mesmo. Vem até o joelho. Às vezes, se a chuva for muito forte, vem até a cintura. A gente perde cama, sofá, cadeira. Tudo isso se perde. No meu salão, já entrou também. Perdi muitos materiais. Se ficar meia hora de chuva, o alagamento é mais forte”, revela Anne, 17, designer de sobrancelhas em um salão de beleza do bairro e que teve o trabalho prejudicado pelas cheias do Rio Belém.
Outros moradores também contam que não é preciso chover muito para o rio transbordar e invadir as casas da região. Alagamentos e enchentes são eventos rotineiros no bairro, tanto que os habitantes relataram ter construído comportas em suas casas para impedir o acúmulo da água invasora. Além disso, os entrevistados ouvidos pela reportagem demonstram saber de cor os procedimentos que devem tomar para evitar maiores estragos nessas ocasiões de calamidade.
A situação, porém, não se limita a danos materiais. Nos períodos de alagamentos, as águas podem conter diversos tipos de doenças. Moradores afirmam que já houveram, no local, casos de contaminação e até óbitos decorrentes da leptospirose.
Enquanto isso, o sistema de macrodrenagem permanece uma promessa inconclusa. Edson do Parolin, lamentando, defende que o cenário precisa mudar. “A gente precisa que acabem as enchentes. As famílias da comunidade vão perdendo a autoestima de tanto levar enchente e não ter resultado. Levam chuva e não veem solução. Perdem tudo o que ganham. Os moradores, aqui, confiam na obra. A intenção era boa. Mas ela vem dando transtorno na vida do povo há anos. Porque ela teve data para começar, mas não tem data para terminar.”
Registros dos alagamentos
Edson Pereira Rodrigues, mais conhecido como Edson do Parolin, ex-vereador(PSDB) e dirigente da associação de moradores do bairro, foi entrevistado pela reportagem e disponibilizou fotos, capturadas com câmera de celular, dos últimos alagamentos(10 de março) que acometeram o bairro do Parolin. O conteúdo das imagens ilustra em detalhe a gravidade da situação: