Hip Hop não é só um estilo de dança. É um movimento cultural!

Em debate na Câmara Municipal foi realizada uma votação de moção que reconheceria o hip hop como patrimônio cultural do Paraná. Eder Borges foi o único contrário à moção,associando o gênero à criminalidade.
Por Arthur Zablonsky, Beatriz Mangili, Emilay Aguiar e João Alexandre
No dia 25 de abril, a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou a moção de apoio para que o Estado reconheça a cultura do Hip Hop como patrimônio imaterial do Paraná. A votação foi simbólica e o debate durou quase uma hora e meia, gerando discussões em plenário.
Durante a votação, Eder Borges foi o primeiro a falar, se posicionando contra a proposta. Segundo o vereador, o movimento surgiu nos Estados Unidos, “naqueles guetos”, e teria “uma raiz racista”, e não possui nenhum vínculo com a cultura local. “Hip Hop é coisa de detento”, concluiu.
Segundo Lucas Henrique Coelho Rosa, professor de dança, como o Hip Hop surgiu em comunidades periféricas, as pessoas acabam relacionando a marginalidade e a violência. “O Hip Hop é um movimento de resistência. É uma forma de união, conexão e identificação desses povos, que muitas vezes são marginalizados pela sociedade”.
Borges foi repreendido pela vereadora Giorgia Prates, autora do requerimento. “Sua fala é racista quando diz que o Hip Hop é coisa de detento”.
Matheus Alves relata como o Hip Hop é uma cultura de periferia, de rua e de pessoas pretas. “O Hip Hop serve como resistência, luta, voz e autoestima para o povo preto e da periferia”. Ele ressalta ainda que o Hip Hop ainda é visto de forma marginalizada, porque não veem o movimento em si. “Quantas pessoas já deixaram de ir para o crime por causa do Hip Hop. Ele acaba fazendo muito mais do que o governo e a polícia pelo povo.”
Além da moção em apoio foi realizada no auditório legislativo no dia 13 de abril de 2023 uma audiência pública com o título “Batalhas de Rima em Debate”. O encontro levou para a discussão um elemento inserido no movimento do hip hop. A reunião foi proposta pela deputada Ana Júlia, para que as batalhas fizessem parte da cultura da cidade.
No requerimento de moção há a justificativa de que o reconhecimento permitirá “sua preservação, difusão e promoção, além de garantir o acesso ao hip hop como uma forma de expressão cultural e artística”.
Origem
A etimologia do termo vem da união de duas palavras do inglês: “Hip”, que significa algo atual, que está acontecendo no momento, e “Hop”, que faz referência ao movimento da dança.
O Hip Hop é um movimento artístico e cultural que nasceu no bairro do Bronx, em Nova York, nas comunidades jamaicanas, latinas e afro-americanas.
Portanto, trata-se de um movimento que nasceu nas periferias urbanas e que, por esse motivo, passou por uma grande marginalização durante o começo da sua história.
O Hip Hop desembarcou no Brasil no início da década de 80, na cidade de São Paulo, quando os jovens começaram a receber informações sobre o movimento que estava acontecendo em Nova York.
Grupos de periferia passaram então a se reunir na Galeria 24 de Maio e na estação São Bento do metrô para escutar as músicas vindas do Bronx, acompanhados de novos passos de dança. Os primeiros frequentadores do local foram dançarinos de breaking.
Em 1984, o grupo norte-americano Public Enemy veio ao Brasil para fazer seu primeiro show em São Paulo, impactando um grande número de pessoas com aquela nova cultura.