Governo do Paraná, professores e estudantes divergem sobre resultado do Ideb

por Guilherme Seisuke da Silva Araki
Governo do Paraná, professores e estudantes divergem sobre resultado do Ideb

Estado alcançou a quarta melhor nota do Ensino Médio entre as redes estaduais do Brasil no ranking que mede a qualidade da educação

Por Guilherme Araki | Foto: José Fernando Ogura/AEN

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), realizado a cada dois anos para medir a qualidade do aprendizado nacional e cujos resultados mais recentes foram divulgados na última terça-feira (15), provocou divergência entre governo estadual, professores e estudantes do Paraná.

O estado apresentou o maior crescimento de nota no Ensino Médio, subindo de 3,7 para 4,4 pontos.  Somadas as notas de escolas federais e privadas, o Paraná aparece em terceiro no ranking. O governo do estado comemorou os “números históricos”, enquanto professores e estudantes divergem acreditando não condizer com a situação atual da educação no estado.

O resultado do Ideb 2019 mostra um crescimento de nota em quase todos os municípios do estado. Das 399 cidades, houve alta em 359. O Paraná também ocupa o primeiro lugar na classificação entre as redes estaduais no Ensino Fundamental “Anos iniciais” (até o 5° ano) e está na terceira posição para os “Anos Finais” (6° ao 9° ano).

O secretário da Educação e do Esporte do Paraná, Renato Feder, comemorou o resultado em suas redes sociais. “Os números do IDEB são uma conquista de todos os paranaenses, mas principalmente das professoras, professores, pedagogas e pedagogos, diretoras e diretores, de todos os mais de 90 mil profissionais que fazem da nossa educação pública uma das melhores do Brasil.”

A professora Walkiria Olegário, diretora da APP-Sindicato, que representa os trabalhadores em educação pública do Paraná, questiona a forma como é feita a avaliação e seu uso: “O Ideb é um indicador, e, na nossa opinião, não tem a capacidade de medir a qualidade da aprendizagem. Se os governos precisam de parâmetros para organizar as politicas publicas, os indicadores não deveriam ser usados para ranqueamento, expondo as escolas. Deveriam ser usados para planejar quais escolas ou comunidades escolares necessitam de mais investimento publico.”

O sindicato denunciou em 2019 a retirada de matrículas de alunos com baixa frequência e baixas notas no estado. A ausência dos dados desses estudantes, que depois foram recolocados nos colégios, pode ter “maquiado os números”, acreditam os professores.

A União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES) critica a postura da Secretaria da Educação e do Esporte e denuncia a pressão que as escolas e alunos estariam sofrendo para adesão e obtenção de boas notas desde 2017. A implementação e realização da Prova Paraná, principal instrumento para adequar os estudantes para as exigências da Prova Brasil, resultou em grande polêmica. A UPES aponta que instituições que não apresentassem bons resultados foram ameaçadas e que estudantes foram coagidos com a exposição das notas em alguns colégios. Já as instituições e alunos bem avaliados teriam sido premiados em diversas cidades do estado.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual da Educação e do Esporte, para que se manifeste sobre as críticas de professores e estudantes, e aguarda retorno.

 

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