Funerais e sepultamentos têm restrições rigorosas em Curitiba

por Maria Vitória Bruzamolin
Funerais e sepultamentos têm restrições rigorosas em Curitiba

Medidas preventivas devem ser seguidas por todos, desde os profissionais que preparam e sepultam os corpos até as famílias dos falecidos

Por Camila Acordi, Carolina Nassar e Maria Vitória Bruzamolin

A pandemia do coronavírus está afetando diretamente os funerais e sepultamentos em todo o mundo. Em Curitiba e região, medidas restritivas para a prevenção da transmissão do COVID-19 já foram adotadas e devem ser seguidas por todas as funerárias, incluindo os familiares dos falecidos. 

O Serviço Funerário Municipal da Secretaria do Meio Ambiente e a Vigilância Sanitária da Secretaria da Saúde orientam, em nota, que os velórios devem durar no máximo quatro horas e a limitação de pessoas permitidas dentro da capela é de apenas dez, também deve ser evitado tocar na pessoa velada, mesmo que não haja confirmação de morte pelo coronavírus. As portas e janelas devem permanecer abertas o tempo todo e o uso de álcool em gel deve ser constante. Pessoas do grupo de risco e com suspeitas de terem contraído a COVID-19 não devem comparecer no velório e nem no cemitério. Já para o sepultamento em cemitérios municipais, mais pessoas poderão comparecer simultaneamente, desde que mantenham a distância de um metro e meio.

O agente funerário Luciano Moreno, que atua em Piraquara – região metropolitana de Curitiba – diz já ter realizado três funerais com suspeita do novo coronavírus. Um deles foi descartado e os outros dois seguem em análise. Ele explica que o resultado do exame leva cerca de 15 dias para ficar pronto e que às vezes acontece do paciente vir a óbito antes do resultado sair. “Os médicos colocam na declaração de óbito se possui suspeita e assim irá entrar nos números depois. Alguns não colocam nada e acabam não entrando para as estatísticas por mais que dê positivo”.

O agente funerário ainda comenta que se sente seguro trabalhando em meio a pandemia. “O fato de movimentar o corpo não é tão perigoso quanto atender os familiares que são suspeitos, mas a gente está tomando os devidos cuidados”. Moreno ainda comenta que todo o local que pode vir a estar contaminado está sendo devidamente limpo. 

Outro agente funerário, que preferiu não se identificar, diz que a ajuda do governo é apenas com informações e instruções sobre o processo de cuidados que deve-se ter com o corpo e, posteriormente, com o sepultamento e a família do falecido. O corpo é selado com segurança e colocado diretamente na urna, então transportado para o cemitério. “Não há velório, nem abertura de urna. A despedida é feita ao longe pela família, e é muito rápido”. 

O cerimonialista fúnebre, profissional que realiza os detalhes protocolares durante a cerimônia do sepultamento, que também preferiu não se identificar, afirma que os métodos de precaução são seguidos mesmo que não haja a confirmação do novo coronavírus. Ele também diz que a prefeitura de Curitiba forneceu a vacina da gripe para os funcionários dessa área, já que são da linha de frente, mas que ainda sente uma falta de valorização em relação aos agentes funerários e empresas funerárias. O profissional também comenta que, com a crise pela qual estamos passando, os próprios diretores de empresas fúnebres acabam arcando com os custos de material para suas equipes, tirando do próprio dinheiro pessoal, já que suas empresas não conseguem quitar as despesas, e ainda comenta que esses produtos, poderiam ser fornecidos pelo governo ou pela prefeitura. 

Com as restrições necessárias para o combate ao coronavírus, a despedida do falecido fica mais difícil. “Não poder estar juntamente com seu ente querido para dizer ‘olha, eu te amo, você deixou saudades, deixou lembranças’, isso marca muito a família porque é um momento de dor em que ela quer ter um alento, quer ter ali a possibilidade de dizer aos outros o quanto aquela pessoa que partiu era amada”. Ele diz que todas essas medidas necessárias acabam tirando a tranquilidade das pessoas envolvidas com o óbito. 

Informações sobre as medidas de segurança em funerais durante a pandemia.

 

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