Fumaça vinda de incêndios do Pantanal chega a Curitiba

Fumaça, em maior concentração, somada ao clima quente e seco em Curitiba, pode prejudicar ainda mais o sistema respiratório
Por Guilherme Araki e Juliane Capparelli | Foto: Guilherme Araki
A fumaça vinda dos incêndios que atingem o Pantanal no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, chegou à Curitiba e foi possível de ser vista à olho nu nesta segunda-feira (14). De acordo com o meteorologista Fábio Luengo, da Somar, uma forte corrente de vento há 1,5 mil metros de altitude foi responsável por trazer a fumaça ao estado e à capital.
Segundo a MetSul, a capital já teve ontem muita fumaça em suspensão na atmosfera. Na manhã desta segunda (14), imagens de satélite divulgadas pela NASA, mostravam uma enorme quantidade de fumaça das queimadas sobre o estado do Mato Grosso do Sul, com parte desta sendo transportada por correntes de vento para o Paraná e o interior do estado de São Paulo.
Luengo alerta para os riscos que a fumaça pode trazer em maior concentração e próxima da superfície, principalmente nas pessoas que já apresentam problemas respiratórios. “Vale ressaltar que os últimos dias tem sido quente e seco em Curitiba que, junto com as fumaças, podem prejudicar ainda mais o sistema respiratório.”
Nos próximos dias pode ser esperado um grande fluxo de fumaça do Pantanal e também da região amazônica para os estados de São Paulo e do Sul do país, ainda segundo a MetSul. Na imagem abaixo é possível observar essa concentração de fumaça:
Foto: Somar Meteorologia
Pantanal bate recorde de queimadas em 2020
O Pantanal, bioma considerado como uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta, sofre com grandes queimadas desde meados de julho. Somente neste ano, 12% de sua área já foi devastada, segundo dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A área queimada é equivalente a doze vezes a cidade de São Paulo, causando danos irreparáveis e emitindo alerta de risco climático. Desde o início do ano, mais de dois milhões de hectares já foram consumidos pelo fogo, segundo dados do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos incêndios florestais do Ibama (Prevfogo).
A região é rica em biodiversidade, abrigando 1,200 espécies de animais vertebrados, dentre essas espécies, 36 são ameaçadas de extinção. Além disso, o Pantanal, possui a mais densa população de onças-pintadas do mundo. Com isso, o aumento das queimadas, que foi de 189% em relação a 2019, além de devastar o território, coloca muitos animais em risco também.
[box] Animais são os que mais sofrem com queimadas
Serpentes, lagartos, jabutis, tamanduás e antas são comumente encontrados no pantanal. Mas, por serem animais mais lentos, acabam sendo carbonizados e tendo partes do corpo queimadas por possuírem uma maior dificuldade para fugir. Mesmo os animais mais ágeis, como as onças-pintadas não escapam do fogo e podem sofrer graves ferimentos, como patas queimadas.
Ainda não há estimativas da perda da biodiversidade, os profissionais de resgate continuam trabalhando e salvando os animais, como a ONG “AMPARA silvestre”, que tem prestado primeiros socorros aos animais encontrados no pantanal.[/box]