Floriculturas esperam reverter prejuízo com o Dia dos Namorados

por Maria Eduarda Cassins
Floriculturas esperam reverter prejuízo com o Dia dos Namorados

Afrouxamento do isolamento social e presença nas redes sociais devem amenizar perdas acumuladas de seis semanas

Por Maria Eduarda Cassins e Eduardo Veiga Nogueira | Foto: Pixabay


Em meio à maior crise histórica do comércio de flores no Brasil, o Dia dos Namorados pode diminuir os prejuízos tidos nos últimos meses.  O mercado segue retraído mesmo depois do Dia das Mães. Apesar das vendas terem triplicado de maio para abril, o comércio em geral se retraiu em 30% comparado ao mesmo período no ano passado. A expectativa é de que a flexibilização do comércio e as campanhas de divulgação dos produtos aumentem o consumo.

Após o Ministério da Agricultura ter incluído as floriculturas como atividades essenciais na semana do Dia das Mães, o comércio reabriu. No Paraná, as cinco unidades das Centrais de Abastecimento – CEASA voltaram a movimentar as cargas do setor, indicando uma retomada lenta e gradual. O Dia dos Namorados é uma das datas mais importante para os floristas. Representa 4% dos negócios do setor, movimentando cerca de R$ 8,7 bilhões de reais, segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura – IBRAFLOR. 

Todo o setor aposta em campanhas publicitárias para aumentar as vendas. Uma delas foi o  “O poder das flores e das plantas”, criada pelo IBRAFLOR em parceria com a Associação Brasileira de Supermercados – ABRAS.  O objetivo é estimular o consumo mostrando os benefícios das flores. Já a cooperativa Veiling Holambra traz a campanha “Declare todo o seu amor com flores”, criando novos buquês com a temática da diversidade dos relacionamentos.

Além da divulgação, muitos estabelecimentos incorporaram vendas online. O distanciamento social levou a uma maior participação das floriculturas nos sites comerciais e nas redes sociais. Para o Dia dos Namorados, a Agapanthus Floricultura Curitiba criou duas coleções, sendo uma delas específica para compra física e outra que pode também ser adquirida virtualmente.

Outra estratégia foi aproveitar o fato das pessoas estarem mais em casa. A floricultura Grün Garden montou uma cesta chamada “Cultive o amor!”, contendo uma muda de morango e instruções de como plantá-la. O produto é um incentivo para que as pessoas ocupem o tempo plantando. Apesar das vendas terem sido boas no Dia das Mães, a floricultura reduziu custos e preços, pois teme “investir e acabar não vendendo tanto quanto o esperado”.

Com as restrições de contato e a necessidade de se evitar sair, a maior parte da população planeja sua troca de flores e presentes dentro de casa. As expectativas da estudante Milena Colomby e de seu namorado estão sendo postas em um momento ‘’ainda mais especial, já que vai ser tudo feito e preparado por nós’’. Com a chegada da data comemorativa, resta esperar para ver como o consumidor irá investir.

A crise do setor

Até o final de abril, o desemprego atingiu 20% dos trabalhadores e a crise atingiu no mínimo 15% de todo o setor. Dados recentes do IBRAFLOR indicam uma queda de 80% no consumo de flores em todo o país, de meados de março até o início de maio. Por conta da paralisação de setores do comércio, as floriculturas foram fechadas, limitando as vendas de flores apenas aos mercados. Estima-se um prejuízo de R$ 1 bilhão para todo o setor.

Muitos produtores anteciparam a crise e deixaram de plantar. Em Marialva, grande polo de produção do Paraná, diversas plantações não receberam o trato cultural para germinar, conforme exposto pelo Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Porém, na maior parte do país produções inteiras prontas para o consumo foram descartadas.

Por serem facilmente perecíveis, as maiores perdas foram com as flores de corte

Outro aspecto que afeta a produção de flores, porém em menor escala, é a estiagem no estado. Com o abastecimento de água em situação precária, produtores tiveram dificuldade com os sistemas de irrigação. Na floricultura Flor da Suissa, em Curitiba, dois dos três postos secaram. A empresa teve de comprar caminhões pipa para suprir a demanda.

A queda do consumo atingiu em cadeia os varejistas, atacadistas, transportadores e produtores.  “Não é uma questão de que as pessoas não tem a intenção de consumir. Elas não têm capital financeiro para consumir”, afirma Paulo Andrade, da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento – SEAB. Para ele, a crise gerou um choque de oferta e um choque de demanda, “impossibilitando que o produtor aumente seus preços.”

Junto ao Ministério da Agricultura, o setor tem articulado disponibilização de crédito para pequenos agricultores. Com juros diferenciados, o objetivo é diminuir os prejuízos principalmente nas produções menores.

 

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