Fenômeno da reduflação torna produtos mais caros

Consumidores devem prestar atenção nas embalagens na hora de fazer as compras.
Por Ana Lúcia Sonntag, André Blatt e Laura Kaiser | Foto: Ana Lúcia Sonntag
A reduflação é um fenômeno econômico que tem como consequência o aumento do preço de produtos. Ela acontece quando a quantidade das embalagens diminui sem haver a diminuição de seus preços, consequentemente, tornando os produtos mais caros. Isso acontece devido à alta da inflação, que leva alguns fabricantes a adotarem essa estratégia, como forma de reduzir prejuízos.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), este fenômeno se tornou uma forma de abuso pelas empresas que praticam a reduflação, e uma maneira de contornar as leis de proteção ao consumidor.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou, no ano passado, através da Portaria N°392, que os fabricantes são obrigados a expor nas embalagens a mudança de quantidade e o Código de Defesa do Consumidor afirma que este alerta aos consumidores deve permanecer por pelo menos três meses, desde a data da mudança.
Esta prática, realizada, principalmente, entre o mercado alimentício, se tornou uma maneira de os produtores mascararem as mudanças de preços e enganarem os consumidores desatentos aos avisos nas embalagens. Por isso, o Código de Defesa do Consumidor, também defende a criação do hábito de checagem e leitura dos rótulos, para que os consumidores não sejam mais enganados pelas mudanças feitas pelos fabricantes.
O professor de economia da PUCPR, Rodrigo Marcial Ribeiro, explica que a reduflação é uma forma das empresas não exporem aos consumidores o aumento dos preços indicados pela inflação e que os fabricantes, muitas vezes, preferem manter os preços e diminuir as quantidades por conta da disposição dos consumidores ao pagar por aquele produto. “Ao consumidor, muitas vezes, não interessa pagar um preço um pouco mais alto, ele se sente mais confortável de pagar o mesmo preço que ele pagava anteriormente, ainda que seja por um produto que tenha um pouco menos de quantia”, explica ele.
Apesar de existirem formas de proteção contra as explorações do mercado, estas mudanças, ainda sim, estão alterando o planejamento financeiro de diversas famílias. Segundo a consumidora e dona de casa, Laís Opolski, a mudança da quantidade dos produtos está afetando o seu orçamento, já que precisa comprar mais coisas para se ter a mesma quantidade de produto que antes. De acordo com ela, os avisos nas embalagens, também são muito mal sinalizados. “Eles diminuem o tamanho mas colocam em letras minúsculas, então, muitas vezes, eu não percebo até chegar em casa, depois de já ter pagado por aquilo”.
Além de alterar o cotidiano de compras dos consumidores comuns, a reduflação também está afetando pequenos negócios na área de gastronomia. Maria Eduarda Leisner é dona de uma doceria e relata que apesar de já estar acostumada a ler os rótulos das embalagens, por conta de sua profissão, é necessário se ter muito cuidado na hora de comprar. Ela também conta, como este fenômeno tem impactado seu trabalho.”Quando você tem um cálculo de produção, você já tem planejado uma margem de preços de cada ingrediente. Mas quando os ingredientes começam a diminuir de quantidade ou aumentar de preço, só nos prejudica porque encarece toda a produção e venda”, diz ela.
Ainda que a diminuição da quantidade dos produtos seja permitida por lei, os consumidores têm direito de reclamar ou sinalizar às autoridades, através do Procon, sobre os fabricantes que não cumprirem com o que é previsto pelo Código. No caso de descumprimento com as normas, os fabricantes podem receber diversas sanções, como multas ou proibições de produção. Para que as reclamações sejam feitas, basta os consumidores entrarem no site do Procon, ou procurarem uma das unidades do Paraná.
Entenda como o aumento da inflação, influência na reduflação
Curitiba teve a maior inflação acumulada do país, no mês de março, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O IBGE também divulgou que o setor de Alimentação e Bebidas teve uma inflação de 1,52% no mês de maio. Estas mudanças na economia vem gerando mudanças nos custos de produção de alimentos e, consequentemente, nos valores de fabricação de produtos e na compra. Diante disto, algumas empresas decidem diminuir a quantidade de produto vendida por embalagem, ao invés de modificar os preços, criando o fenômeno de reduflação.