Feirantes relatam dificuldades no artesanato de Curitiba

Comerciantes falam sobre queda no reconhecimento da arte
Por Beatriz Artigas e Beatriz Tsutsumi
Na cidade de Curitiba, as feiras de artesanato têm uma grande variedade de produtos feitos à mão, selecionados de maneira rigorosa pelas inscrições e chamamento público realizados pela Prefeitura de Curitiba visando maior autenticidade às peças.
Entretanto, os feirantes alegam que atualmente há uma queda no reconhecimento do trabalho artístico por parte dos frequentadores. Assim diz Zilda Lúcia Felisbino, 67, feirante que confecciona roupas infantis há mais de 29 anos. “A venda é muito pequena agora, para mim”, comenta. “As pessoas que estão comprando, pela dificuldade financeira, não olham muito para isso. Elas não veem essa diferença”, completa. Ao comparar as vendas, Zilda menciona seus negócios durante os anos 90, período no qual ela criava uma filha com necessidades especiais e uma bebê. Somente após certo tempo conseguiu contratar uma cuidadora para ficar com ela nos dias em que ia à feira.
Dificuldades
De acordo com o Instituto de Turismo de Curitiba, a Feira do Largo da Ordem é a mais movimentada da cidade, tendo em média 20.000 visitantes cada domingo. Contudo, entre os feirantes entrevistados muitos se queixaram da falta de divulgação do evento. Deste modo relata Marlene Veickant Fontanella, 70, “Eu acho que deveriam promover até mais essa feira porque tem muito turista”. Também reforça Rosilene Ignácio, 53, “Não existe divulgação da feira em si, no tempo que eu tenho de feirante, não é [uma divulgação] contínua”.
Sobre o reconhecimento da arte no cenário atual, os comerciantes também comentaram e assimilaram seus lucros de antigamente aos de agora. “A dificuldade é esse reconhecimento de que o artesanal não é pra ser mais barato, que vende no supermercado e sim que é um produto especial que foi feito à mão, essa é a ideia do artesão.”, assim é a fala de Claudio Staichok, 47, advogado e artesão.
Outro assunto a ser aprofundado é o da segurança da Feira e dos feirantes, com base no episódio do arrastão no Carnaval, em que barracas foram quebradas, pessoas assaltadas e os guardas que estavam presentes, atacados. Rosilene, que esteve no dia do arrastão fala sobre, “Eu cheguei cinco horas, seis horas começou a arrebentar o fervo, sete horas virou uma baderna. E a gente não só correu o risco de segurança com o material, como corre risco de vida.”
A Prefeitura de Curitiba aumentou o policiamento na região há aproximadamente 3 meses, segundo Zilda, com a presença de policiais municipais. Mas o sentimento de insegurança ainda é presente nos participantes. “Principalmente no término da Feira, não no início mas sim no término que a gente sente a necessidade de segurança. Não precisa ter policiais armados, mas uma fiscalização, um giro do policiamento.”
A Feira do Largo da Ordem é um dos principais pontos turísticos e de venda de produtos artísticos da cidade. Além da comercialização de arte, há a geração de empregos pela feira e também nos estabelecimentos no entorno, como bares e restaurantes.
É importante o incentivo para programas culturais do tipo, pois além de auxiliar na geração de empregos, auxilia no turismo e reconhecimento da arte local. Assim comenta Jane Vechi, 49, psicóloga e frequentadora, “Curitiba é uma cidade bem atrativa para o turismo e agrega cultura, diversidade, mas que esse próprio artesanato que é bem cultural daqui acaba sendo também um estilo de cultura.”