Fardamento militar em creches públicas é fake news após as eleições

por Ex-alunos
Fardamento militar em creches públicas é fake news após as eleições

Foto da modelo Jordana Frigério virou “novo uniforme” das creches públicas em fake news

Por Anelise Wickert, Bernardo Gonzalez,  Gabriel Domingos, Thais Porsch e Valeska Loureiro

Uma fake news, gerada a partir de uma foto da pequena modelo Jordana Frigério, viralizou no último mês. Na foto original, em maio de 2016, Jordana aparece vestindo uma farda militar em um salão de beleza. No mês de setembro, em época de eleições, a foto viralizou na internet sob o título “Apresentação dos novos uniformes das creches públicas a partir de janeiro de 2019”. Essa notícia informava as pessoas que as creches adotariam o fardamento militar em creches públicas, fazendo menção também ao atual momento político que o país estava passando. No início de novembro a informação foi desmentida pelo jornalista João Carlos Frigério.

Para ele, o “sucesso” dessa foto pelas redes sociais se deve a uma parcela do público que são leigas e não possuem um grande conhecimento sobre a internet e acredita que provavelmente são pessoas de classe social baixa, escolaridade baixa, pessoas mais humildes que acreditam em tudo que veem na internet. Ele também conta que quando a notícia começou a crescer, junto com esse crescimento, diversos comentários maldosos do tipo “os pais dessa criança ficam dando carta branca para ela matar”. Com isso, João Carlos se sentiu na necessidade de desmentir a notícia.

Um fator determinante para Frigério descobrir e alertar que a foto era fake, foi o fato de que a pequena modelo Jordana é sua filha, confira:

Uma pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), divulgada em março deste ano, revelou que as notícias falsas possuem um potencial de penetração no público muito maior do que os fatos. As fake news possuem 70% mais chances de viralizar e chegam ao público consumidor cerca de 15 a 20 vezes mais rápidas do que uma matéria verdadeira, para chegar a esse resultado os pesquisadores do instituto rastrearam cerca de 126 mil notícias publicadas na rede social twitter, entre os anos de 2006 e 2017.

O Facebook uma das redes sociais mais afetadas pela propagação de notícias falsas tem incentivado e criado medidas de combate a propagação de fake news no Brasil e em todo o mundo. Na timeline dos brasileiros as ações de proteção às eleições com a checagem de postagens e informações e o lançamento do botão de contexto para verificar a procedência do publicador da notícia foram os principais recursos anti-fake news lançados recentemente.

Segundo o professor de Sociologia da Comunicação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rafael Cardoso Sampaio, as fakes news são criadas para parecerem com notícias verdadeiras. “Elas aparecem em portais que parecem sites de notícia e seguem algumas estruturas da notícia. É muito comum encontrar também fake news com partes verdadeiras de informação”, relata o especialista.

O docente diz que a era da internet, se não usada corretamente, pode até mesmo prejudicar grandes eventos, como as eleições. Ele acredita que redes sociais e as tecnologias contribuíram para que as notícias falsas fossem espalhadas:

Para Sampaio, o ainda não se existe o costume de verificar as informações recebidas: “Não existe uma cultura de se fazer isso, as pessoas ainda não perceberam a importância de se verificar as fontes, a veracidade. Isso é questão de uma construção cultural e de prática. Esse hábito é bem antigo, quando as pessoas passavam na frente das bancas de jornais e só liam as manchetes. E com os portais as pessoas também só leem os primeiros títulos. Essa tendência apenas se repete nos mobiles, sem ler, sem abrir, sem verificar”.

O pesquisador comenta que ainda é cedo para afirmar concretamente que as fake news influenciaram as eleições, mas a grande tendência das pesquisas é que tal suspeita seja verdade. “Houve um apelo excessivo, pelos dois lados, que levou às fake news. Se uma pessoa já tinha uma certa predisposição para votar em um dos candidatos, ao receber uma notícia falsa, sem perceber que era falso, obviamente só reforçava sua tendência. Esse compartilhamento em massa gerou uma polarização das opiniões, impedindo um debate saudável e justo”, explica Sampaio.

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Confira algumas dicas para não cair em fake news:

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