Fake news sobre campanha dos Correios gera transtorno na Internet

A divulgação da notícia falsa fez com que pessoas fossem até os Correios e saíssem de mãos vazias
Por Barbara Schiontek, Bruno Previdi, Carolina Andrade, Matheus Zilio e Paula Araujo
Recentemente foi divulgada uma fake news nas redes sociais, principalmente no Whats App, sobre o início da campanha Papai Noel dos Correios. Essa é uma atividade voluntária que acontece todos os anos, em diversos estados do Brasil, com o intuito de dar presentes para crianças que estão em regiões de risco e que fazem parte de um núcleo de baixa renda.
Na notícia falsa, as seguintes informações estavam contidas:
No caso, a notícia divulgada erra a data de início de entrega das cartas, além de dar exemplos de pedidos falsos, que supostamente teriam sido feitos pelas crianças.
A Coordenadora da campanha Papai Noel dos Correios no Paraná, Alessandra Ricardo, conta que com a fake news divulgada, embora não possua números concretos, várias pessoas procuraram pelas cartas antes da data oficial. De acordo com ela, a maior parte foi até a Agência dos Correios Central e, quando chegaram ao local, foram informados que as cartas ainda não estavam disponíveis.
Segundo Alessandra a fake news divulgada ajudou, de certa forma, a ação, pois fez com que as pessoas ficassem interessadas e instigadas a participar.
O coordenador da escola Realize Alexandre Almeida de Aguiar conta que pega as cartas dos Correios há seis anos e diz ter recebido a fake news sobre o assunto. Depois que descobriu que a notícia que estava sendo passada via Whats App era falsa, ele comenta ter ficado impressionado por ver que até em assuntos como esse as pessoas apelam e divulgam informações que não são verídicas.
Para Aguiar a doação é muito importante, pois é uma forma de fazer algo simples se tornar um momento mágico para quem recebe os presentes, e, além disso, serve de incentivo para a família. “Tenho uma filha com sete anos e gostamos de mostrar para ela que é importante ajudar o próximo. Ela também precisa entender que existem crianças que não tem papai ou mamãe para colocar o presente na árvore de natal. E acredito que ela continue esse hábito de ajudar as pessoas quando crescer”.
A estudante de direito Roberta Andrade Maziero comenta que divulgou a fake news sobre as cartas dos Correios pensando que era uma notícia real. Ela diz que quando leu nos portais que era mentira, ficou triste e confusa, pois se perguntou se somente algumas informações estavam equivocadas ou se aquela ação nunca havia existido realmente.
Para ela, as fake news são um grande problema, já que quando as pessoas leem alguma coisa, mesmo que publicada em portais não conhecidos, elas vão acreditar e, raramente vão pesquisar a fundo para descobrir se as informações ali contidas são verdadeiras ou não. Para a estudante, essas divulgações falsas podem acabar destruindo a imagem de alguma pessoa ou empresa e, mesmo quando comprovado que eram informações não verdadeiras, dificilmente aqueles que foram atingidos irão possuir a reputação que tinham inicialmente.
“É uma maneira de enganar as pessoas. Quem produz fake news é mau caráter, pois é uma atitude bem errada”.
Roberta acredita que a melhor forma de se proteger contra as informações falsas é sempre pesquisar a fundo sobre o que foi divulgado e também, buscar nas páginas oficiais e em redes sociais, como Twitter e Instagram, além de buscar vídeos para se certificar de que aquilo foi realmente dito. Entretanto, ela diz não fazer isso com muita frequência, somente quando acha alguma manchete muito estranha e incoerente.
O repórter cinematográfico da Rede Massa João Carlos Frigério publicou no Massa News que a notícia que estava sendo repassada nas redes sociais era mentira. Ele fala que através de uma simples pesquisa feita no Google percebeu que era uma informação falsa. Além disso, ela afirma a importância da postagem desmentindo a fake news por essa já estar sendo bastante disseminada.
A editora-chefe do Massa News do Paraná, Patricia Tressoldi, explica que a fake news das cartas gerou uma confusão, pois não era um assunto que fazia mal a algum grupo ou pessoa, mas fez com que os indivíduos desencontrassem as informações. Segundo ela, chegaram várias reclamações para redação dizendo que as cartas não estavam disponíveis. Ela acrescente que a notícia falsa divulgada pode fazer com que atrapalhe a distribuição das cartas quando forem realmente disponibilizadas.
A editora-chefe ainda comenta que na era digital todas as pessoas possuem acesso à informação e, muitas vezes, a redação trabalha com comunicados vindos dos leitores. Apesar disso, ela destaca que o jornalista continua desenvolvendo um papel importante. Patricia dá o exemplo de que na Massa News, há o canal com o público e colaboradores, que enviam as informações iniciais e, após o recebimento, os jornalistas possuem o papel de buscar os especialistas, as fontes oficiais e averiguar se aquilo era verdadeiro. Para ela a participação das pessoas é um pontapé inicial da notícia.
Pensando ainda em como prevenir as fake news, Patricia dá quatro dicas de como evitar o consumo desse tipo de conteúdo:
Como pegar uma cartinha de Natal
A Coordenadora da campanha Papai Noel dos Correios no Paraná, Alessandra Ricardo, informa que, em média, existem 10 mil cartas para serem escolhidas. As crianças que escrevem as cartas e recebem os presentes estão em regiões de vulnerabilidade e não estão matriculadas nas escolas dos bairros.
“Você vai tirar um sonho do papel, fazer uma boa ação e fazer a diferença na vida de alguma criança. A criança sente que ainda tem alguém que acredita nela, mesmo que estejam em regiões ruins. Ela sabe que um papai noel de verdade leu e realizou o desejo dela”, diz Alessandra.
O período de adoção das cartas iniciou no dia 06 de novembro e vai até o dia 07 de dezembro. Já a data para a entrega dos presentes começou no dia 07 de novembro e irá até 08 de dezembro. Há cinco pontos para a adoção das cartas em Curitiba: Casa do Papai Noel, Agência dos Correios Central de Curitiba, Agência dos Correios Bacaxeri, Agência dos Correios Ahuer e Agência dos Correios Portão.
Alessandra relembra que não existe nenhuma entrega de cartas em casa, é necessário ir até esses pontos para ler e escolher alguma.
A prejudicialidade das fake news
Com o crescimento do uso das redes sociais e do fácil acesso às informações, a divulgação de reportagens que não são veiculadas a portais tradicionais, se torna mais fácil, gerando espaço para as fake news. As notícias falsas podem gerar diversos problemas para empresas e pessoas.
A editora-chefe do Massa News , Patricia Tressoldi informa que as fake news bagunçam o processo da informação, já que é uma história inventada e também, distorcida.