“Exposed”: campanha contra abuso sexual é assunto mais comentado nas redes sociais brasileiras

por Mariana Alves de Oliveira
“Exposed”: campanha contra abuso sexual é assunto mais comentado nas redes sociais brasileiras

Hashtag “#ExposedCuritiba” ganhou força com garotas expondo assédios psicológicos, físicos e morais pelo Twitter

Por Mariana Alves e Mariana Toneti

Depois de uma campanha contra violência sexual e psicológica sofrida por jovens mulheres ganhar força em Florianópolis, uma corrente no mesmo formato chegou à Curitiba. Na última terça-feira (26), o Twitter foi mobilizada com relatos de meninas e mulheres expondo casos de violência e abusos físicos e psicológicos que sofreram em diversos momentos da vida. 

A repercussão da ação fez com que muitas mulheres percebessem que não eram as únicas a sofrerem, potencializando novas participações e multiplicando as vozes. Isso resultou em mais de 20 mil histórias relatadas, além de mensagens de solidariedade e apoio. Além de Florianópolis e Curitiba, cidades como Paranaguá, Londrina e Marília também tiveram internautas expondo os próprios relatos nas redes sociais.

O movimento ganhou mais visibilidade a partir da divulgação de uma lista com o nome de supostos assediadores. A grande maioria das vítimas seria formada por mulheres menores de idade. A veracidade das acusações contra os supostos agressores, porém, é de difícil comprovação perante os meios legais. Sem provas e com a possibilidade de o agressor oprimir a vítima – com ameaças, por exemplo -, além da lentidão dos processos jurídicos no Brasil, aquele que denuncia fica vulnerável.

 

Internet tem outras campanhas para denúncias de abuso

Ações contra o assédio sexual costumam ser lançadas pelo governo apenas em períodos festivos, como Carnaval. Campanhas como “Respeita As Minas”, “Não é Não!” e “Eles por Elas” são algumas das de maior importância no cenário nacional. Elas sempre são usadas com o intuito de levantar bandeiras e abordar assuntos que são tratados como tabus pela sociedade. 

Para quem se sente coagido, a campanha é, em partes, um refúgio. “Eu acho que é muito importante este tipo de campanha para mostrar que as mulheres não estão sozinhas. Para mim, foi muito significativo, porque percebi que eu não era a única que já tinha passado por abusos sexuais ou psicológicos”, relatou uma vítima que prefere não se identificar.

Para a moça, é necessário ter mais canais de acesso e discussão sobre os casos. “Da mesma maneira eu não consigo expor a minha história, porque eu tenho muito medo da maneira com que as pessoas possam vir a lidar com isso. A exposição, as críticas e o descrédito ainda são muito presentes em uma sociedade onde a mulher é sempre apontada como a culpada”.

Para estudante de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e conselheira de Direitos da Mulher de Curitiba Nahomi Helena, é fundamental que haja ajuda a essas mulheres e que seja criada uma rede de apoio. “É preciso conscientiza-las para que passem isso para frente. Também precisamos gerar o empoderamento que dá essa liberdade de elas poderem criar a coragem de falar, buscando ajuda e entendendo que não estão sozinhas. Principalmente, entendendo que não é culpa delas”.

Para ela, a parte mais complicada e importante é unir provas contra o agressor. “No momento [em que se testemunha uma agressão], você não pensa em nada, a não ser em ajudar a vitima. Mas é fundamental que, enquanto você ajudar, peça para outra pessoa fotografar e filmar. Qualquer prova pode ajudar essa vitima”. 

De acordo com a Lei n°13.718/2018, assédio sexual é crime. A pena para importunação sexual pode variar entre 1 e 5 anos, sendo aumentada em caso de agravantes.

 

Para além do Brasil

O movimento #Metoo ganhou visibilidade, em 2017, quando a atriz Alyssa Milano publicou no Twitter um pedido para que todas as pessoas que já tinham sofrido assédio sexual aderissem à hashtag. A campanha ganhou força quando atrizes de Hollywood se uniram contra a cultura de assédio sexual no principal cenário do cinema mundial, viralizando em todo o planeta. 

Rede de Apoio 

Caso você saiba de alguém que sofre, denuncie em 180, ou sugira apoio. O site Mapa do Acolhimento tem dicas de como fazer essa orientação.  

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