Evento de Medicina da PUCPR alerta para fatores de risco do infarto

Estudantes e professores participaram de evento para conscientizar a população sobre os riscos das doenças cardíacas
Por Brunna Gabardo, Isadora Deip, Rebeca Trevizani e Romano Zanlorenzi.
Um evento realizado na quinta-feira (27) pelo curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) chamou a atenção para seis fatores de risco que favorecem a ocorrência de infartos. O encontro foi promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, na FTD Arena Digital, que fica no câmpus de Curitiba da universidade.
A palestra foi organizada pelo professor da PUCPR Ricardo Pinho e proferida pelo José Rocha Faria, também professor e cardiologista. O debate também teve como foco alertas sobre a importância de estar atento aos problemas cardíacos e apresentou propostas para reduzir o grande número de mortes causadas por problemas do coração.
Faria afirmou que há seis fatores de risco que prevalecem, com destaque para o tabagismo, que aumenta em 2,9 vezes as chances de infartar. Ele ressalta que Curitiba é a cidade do Brasil onde mais se fuma. A hipertensão, que causa um aumento de 91% na probabilidade de problemas, também é um fator, junto com estresse e ansiedade, fatores psico-sociais. Outro agravante citado é a diabetes, que afeta 1 em cada 11 adultos, e o colesterol alto, que aumenta em 3 vezes a chance de sofrer um infarto do miocárdio, e destaca que esse é um item que tende a ser desconsiderado por boa parte da população.
Na apresentação foi citado que no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 70 mil pessoas morrem por ano de infarto. Ele trouxe uma importante frase de Paul Dudley White: “Se um ataque cardíaco acontece depois dos 80 anos é uma benção, se acontecer antes dos 80 é uma falha da medicina”, e segundo Faria: “nós temos falhado muito na prevenção no Brasil e no mundo.”
Ele também destaca a importância da prevenção primária em oposição a secundária, sendo que a primeira se baseia em medidas para evitar os fatores causais e a segunda em tratar o problema pelas consequências, após o infarto já ter ocorrido.
Por fim, foram indicados locais e soluções que podem inspirar as pessoas a mudarem seus hábitos de vida em busca de uma saúde melhor. Os três lugares citados foram Sardenha (Itália), Okinawa (Japão) e Loma Linda (EUA). Todos os locais possuem alguns pontos em comuns: populações não-fumantes, fisicamente ativas, adeptas de um alimentação saudável (frutas e verduras), socialmente engajadas e que priorizam a família.
Misturando conhecimento científico e artístico, o evento contou com a participação do professor de medicina Bruno Spadoni (voz) apresentando canções de ópera com um viés histórico acompanhado pelo mestre em música Ben Hur Cionek (piano).
O palestrante ressalta que a motivação principal para promover a palestra é a relevância social do tema: “Boa parte das pessoas não conhecem a realidade da saúde no nosso meio, e é importante que se saiba que é a partir do momento que se conhece a importância do problema que você vai combater de maneira mais efetiva.” Segundo ele, o impacto esperado é que a mensagem seja multiplicada por todos os presentes no evento, seja da área médica ou da área não-médica.
Estudantes aprovam evento
O estudante de medicina do 3º período, Lucas Baena, de 22 anos, assistiu ao evento. “Eu, enquanto estudante de Medicina, tenho uma dificuldade muito grande em colocar a informação científica de um modo que seja acessível. Então, ter uma conversa com um profissional de alto calibre colocando a informação de uma maneira que um leigo possa entender, pra mim isso já é uma ferramenta enorme.” Ele também destaca que se surpreendeu com a informação de que Curitiba apresenta a maior prevalência de fumantes, “Agora eu vou poder levar para minha formação, talvez até como foco de estudo, porque esse é um desafio a ser enfrentado num futuro próximo.”
Luize Kremer, 23 anos, do 8º período, comenta ter adorado a parte da ópera pelo fato de ser 100% leiga no assunto. “Ter acesso à informação e à ciência num ambiente mais informal, mesa com os nossos professores, parece que se torna mais palatável, mais tranquilo.”
O estudante Paulo Machado, 22 anos, do 8º período, ressalta que “o tipo de informação que é passada não muda, mas a maneira como ela é passada” e que o que mais o chamou a atenção foi o fato da hipertensão aumentar em 92% o risco de infartar.
Próxima edição
A próxima edição do Café com Ciência e Arte está programada para a primeira semana de julho, e para este ano ainda estão previstas quatro edições com temas diversos, a serem definidos.