Estúdio de rap popular criado por mulheres movimenta a cena musical na periferia de Curitiba

O espaço dá acesso a produções profissionais para artistas independentes e diminui os custos de lançamento da produção musical.

Por Arthur Gomes, Carolina Sabatini e Ricardo Silva

O  estúdio fonográfico HT7 possui um projeto independente chamado 10contamina, localizado no bairro Sítio Cercado em Curitiba. Foi criado apenas por mulheres para oferecer produção musical de qualidade e baixo custo variando de 100 reais para artistas mulheres independentes, principalmente os artistas da cena do “Rap Underground” curitibano. A produção de uma única música em um estúdio convencional passa facilmente da média dos mil reais, podendo chegar até quatro mil reais. Para produzir um álbum muitos artistas gastam o valor de um carro popular. Iniciativas como esta ajudam a democratizar o mercado da música, impulsiona vozes que jamais seriam ouvidas.

O local foi criado pela DJ e também produtora Paola Spena no ano passado. Está localizado em sua própria casa e oferece captação, mixagem, masterização e produção de instrumentais. Tudo isso voltado para os cantores de Rap como Mika MC, Naju, Lua Maria.

“O projeto do estúdio começou quando eu fazia aula de produção musical com meu atual sócio, John Wesley (J-how), que  era meu professor no estilo hiphop”. Afirma Paola, fundadora do estúdio.  “Entramos na sociedade do coletivo e começamos do início o projeto do estúdio com as meninas.”

Estúdio 10contamina, local de gravações.

A cantora beneficiada pelo coletivo, Miriã Carla, mais conhecida como Mika Mc, falou após ter sua música gravada no estúdio.”Eu via as desigualdades, a opressão e não podia fazer nada, o rap foi uma solução pra mim, uma forma de eu expressar o que estava guardado” 

O impacto social que o estúdio tem como base é dar espaço de fala as mulheres na sociedade, mostrando um pouco da sua realidade. Nos seus valores primordiais está em destaque o respeito que deve-se ter um pelos outros para evitar racismos, homofobia e machismo, por exemplo. O estúdio tem como média mensal a gravação de aproximadamente 15 músicas. No coletivo possuem atualmente 30 meninas, todas beneficiadas.

“As mulheres do coletivo são as que mais são beneficiadas, justamente para terem voz e poderem se expressar através da música”, diz a dona do estúdio.

Segundo o dono da Technologik Music Group, Facundo Bragagnolo, o rap está sendo mais visto atualmente e está mais amplo o mercado, porém um lado ruim é que qualquer um pode fazer rap, pois todos tem um celular que possa fazer uma gravação. Para entender mais sobre o mercado da música e opiniões de especialistas como o Facundo e o produtor Ruan Carlos, ouça o podcast abaixo:

História do rap

O RAP (ritmo e poesia) surgiu na Jamaica na década de 1960. O rap tem uma batida rápida e acelerada e a letra vem em forma de discurso, muita informação e pouca melodia. Geralmente as letras falam das dificuldades da vida dos habitantes de periferias da cidade. Uma coisa marcante que está presente nas letras da composição são as gírias. O cenário rap é acrescido de danças com movimentos rápidos e malabarismos corporais, como o break. O cenário urbano do rap é formado ainda por um visual repleto de grafites nas paredes das grandes cidades. 

Porém no Brasil, o rap surgiu em 1986, em São Paulo. Os primeiros shows de rap eram apresentados no Teatro Mambembe pelo DJ Theo Werneck. Na década de 80,  as pessoas não aceitavam o rap, pois consideravam este estilo musical como sendo algo violento e tipicamente de periferia. A partir de 1990, o rap ganha valor nas rádios e a indústria fonográfica começa a dar mais atenção ao estilo. Nos dias de hoje o rap está incorporado no cenário musical brasileiro, venceu os preconceitos e saiu da periferia para ganhar o grande público. Dezenas de CDs de rap são lançados anualmente, mas o rap não perdeu sua essência de denunciar as injustiças, vividas pela pobre das periferias das grandes cidades.

Para obter mais informações sobre o projeto 10contamina, pode-se entrar em contato através das redes sociais:

Instagram: https://www.instagram.com/10conta.mina/

Facebook: https://pt-br.facebook.com/10CTM