Dia Mundial da Conscientização da Doença Celíaca: conheça 11 lugares para comer sem medo

por Larissa Croisfett
Dia Mundial da Conscientização da Doença Celíaca: conheça 11 lugares para comer sem medo

A data, celebrada nesta terça-feira (16), relembra o que é essa doença e chama a atenção para o crescente número de lugares que proporcionam pratos deliciosos e seguros

Por Larissa Croisfett | Foto: Pixabay

Esta terça-feira (16) é uma data dedicada à conscientização da população sobre a doença celíaca, uma condição autoimune que impede seus portadores de consumir glúten. A substância – um conjunto de proteínas presente em cereais como o trigo, aveia, centeio, cevada e malte – pode causar não apenas a doença celíaca, mas também a alergia, e a sensibilidade não celíaca. 

Por dependerem de uma dieta bastante particular, que não pode sofrer qualquer tipo de contaminação por glúten, os celíacos costumam ter dificuldade de encontrar lugares públicos realmente seguros para se alimentarem. Pensando nisso, a Associação dos Celíacos do Paraná (Acelpar) criou, em 2016, três tipos de selos que identificam estabelecimentos que podem ser frequentados por pessoas com essas restrições. Abaixo você confere a lista completa de 11 espaços de Curitiba identificados por esse padrão. O selos se dividem em três cores:

Verde: concedido a locais 100% livres de glúten;

Laranja: concedido a lugares com alimentos que contêm glúten e não contêm glúten, mas que estão livres de contaminação cruzada;

Azul: concedido a lugares que vendem produtos sem glúten embalados e seguros.

A nutricionista Mariane Rovedo, especialista em intolerâncias e alergias alimentares, explica que a doença celíaca é uma doença autoimune, ou seja, o corpo ataca a si mesmo quando há o contato com o glúten. A alergia à proteína ocorre através de uma resposta imunológica diferente, portanto não são a mesma coisa. E por fim, a sensibilidade ao glúten não celíaca (antigamente denominada de intolerância ao glúten) é uma incapacidade de digestão dessas moléculas.

O que são selos de segurança?

Independente do tipo de restrição, a contaminação cruzada acaba sendo um problema para todos sem o glúten na dieta. Por exemplo, se algum alimento sem glúten for preparado no mesmo lugar, ou com os mesmos utensílios (mesmo que lavados após o contato) que um alimento com glúten, há contaminação cruzada, e o alimento supostamente sem glúten não é mais apto para pessoas com esse tipo de restrição alimentar.

Mas só quem é celíaco pode tirar o glúten da dieta?

A nutricionista Mariane Rovedo afirma que a retirada do glúten pode ser benéfica em diversas situações, como doença inflamatória, síndrome do intestino irritável, e até mesmo para pessoas que procuram ser mais saudáveis. Mas ela alerta que toda pessoa que queira retirar o glúten da dieta deve descartar primeiro a doença celíaca. “Muita gente que faz isso, às vezes é um celíaco e não sabe, não tem o diagnóstico, e quando tira o glúten acaba dificultando posteriormente esse diagnóstico”, diz Rovedo. “Então o ideal é que se faça o exame, independentemente do motivo.”

E como mudar a alimentação?

Hoje em dia, cada vez mais, é possível substituir essa proteína. No lugar da farinha de trigo, por exemplo, podem ser usados farinha de arroz, fécula de batata, polvilho e goma xantana. Também já existem marcas com propostas que excluem o glúten de suas fórmulas, mas a “comida de verdade” ainda é a melhor troca para o glúten: É importante substituir principalmente por comida de verdade, por alimentos que tenham um bom valor nutricional. Carnes, frutas, legumes e não só por farináceos, porque apesar de ser fácil substituir, eles têm um alto índice glicêmico, então é melhor procurar comida de verdade, é sempre mais saudável.” Afirma Mariane Rovedo.

A chef Aline Nakid, proprietária do Melão Mamão, cozinha no ramo de gastronomia saudável há 10 anos, dando cursos e realizando eventos. De acordo com ela, é possível comprar produtos para substituir o glúten em lojas e empórios de produtos naturais ou suplementos, mas que a principal dica para se virar sem o glúten é aprender como usá-los, além de buscar sempre uma alimentação mais natural, composta por ingredientes não industrializados.

Onde comer com segurança

Veja abaixo uma lista de 11 lugares em Curitiba 100% livres de glúten e seus perfis no Instagram. A seleção reúne espaços para almoçar, jantar, tomar um café ou até mesmo levar alimentos para casa em forma de congelados:

Selo verde do restaurante Empório da Terra

Sintomas

Os sintomas da doença celíaca podem variar em sintomas gastrointestinais como: dor abdominal, constipação, gases, náusea, diarreia, refluxo ácido e fezes claras, volumosas e oleosas. No entanto, também pode se manifestar através de perda de peso, anemia, dermatite herpetiforme (erupções avermelhadas na pele que coçam), e dores nas articulações. Lembrando que a doença ainda pode se manifestar de forma assintomática.

Exame

Para descobrir se há realmente algum tipo de rejeição ao glúten, é necessário entrar em contato com um médico gastroenterologista. O especialista pode indicar uma série de exames de sangue e uma biópsia do intestino delgado, mas apenas os resultados não são o suficiente para o diagnóstico, é necessário também uma análise clínica dos sintomas. Uma dieta sem o glúten pode ser introduzida, e depois de um tempo, realizados os exames de sangue e a biópsia novamente para saber se os sintomas internos diminuíram.

Uma luta que persiste

Os sintomas da doença celíaca foram primeiro catalogados pelo pediatra Samuel Gee em 1888, mas apenas em 1940, o glúten foi reconhecido como causador dessa condição. Apesar de já se ter conhecimento básico sobre a restrição, os celíacos ainda enfrentam muitas dificuldades no cotidiano, principalmente no social: não poder frequentar alguns lugares, não poder acompanhar os amigos e famílias em refeições, lutar contra preconceitos que ditam que a doença celíaca é “frescura” etc. Além disso, a falta de estudos atrasa o desenvolvimento do tratamento e do diagnóstico. A nutricionista Mariane comenta: 

“É difícil ter alguns estudos recentes, principalmente de análise de alimentos, quantificação de ppm (partes por milhão) de glúten em determinados alimentos. […] A gente precisa ter estudos atuais rastreando a população celíaca no Brasil, acho que é um dos estudos que a gente precisa ter e está bem defasado.”

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