Desconfiança do eleitor cresce e intenção de voto nulo ou branco ameaça disparar

por Franz Fleischfresser de Amorim
Desconfiança do eleitor cresce e intenção de voto nulo ou branco ameaça disparar

Cerca de um quarto da população afirma que não pretende votar em nenhum candidato neste ano

Por Franz Fleischfresser e Isabela Lemos

O número de pessoas que pretende votar nulo ou em branco é de 24 milhões nas eleições de 2018, quase um quarto da população brasileira. Se esse número se confirmar será o triplo de 2014, de acordo com a média das pesquisas do IBOPE e Datafolha, realizadas em outubro de 2014 e agosto de 2018. A porcentagem chega a 30% no cenário sem o ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva (PT); com Lula, número chega a 22%.

Até 2010, os votos nulos haviam caído bastante em relação às votações anteriores. Em 2002, foram 7,35% dos votos nulos; 5,68% em 2006; e 5,5% em 2010. Se todas as pesquisas deste ano se confirmarem, as eleições quebrarão o recorde de 2002 em três vezes.

O cientista político explica que votar nulo e em branco, na prática, tem efeito semelhante. “Ao votar nulo, o eleitor permite que quem quer que esteja vencendo, continue vencendo. Então, tem um efeito análogo e semelhante ao voto em branco. O voto em branco é “para mim tanto faz, estou autorizando quem estiver ganhando a ganhar”. Na prática, o que você está fazendo, nada mais é do que permitir que o candidato que esteja vencendo se acomode na liderança”.

 

Por que e o que é votar nulo ou em branco?

Um dos principais fatores que justifica o aumento dos votos nulos ou em branco é a descrença na política, segundo o cientista político Rodrigo de Alvarenga. Para ele, os brasileiros não acreditam em uma solução para o país através da política neste momento, pois veem um perfil de candidatos que levou o Brasil até a situação em que se encontra hoje no ponto de vista econômico, de desemprego e uma série de outros problemas. “Na outra ponta, tem um conjunto de pessoas que se decide efetivamente após o horário político eleitoral começar a acontecer na televisão. As pessoas vão começar a avaliar e entender o que e quem são os candidatos e, eventualmente, posicionam-se mais à frente”, explica Alvarenga.

Em toda eleição, ressurgem boatos de que, caso haja mais de 51% dos votos nulos ou em branco, a eleição é cancelada. Alvarenga explica que isso é falso e pode também ser um boato usado como estratégia por alguns candidatos. “Porque, às vezes, é mais fácil convencer alguém a votar em ninguém, do que propriamente votar em um candidato específico. Aumentar os votos brancos ou nulos pode favorecer uma estratégia de um determinado candidato”.

População explica porque votará em branco

Para o estudante e eleitor Davi Meskau, escolher um candidato para assumir o Brasil está praticamente impossível, a única coisa fácil é eliminar certos concorrentes. Depois do impeachment da Dilma Rousseff (PT), o estudante procura estudar bastante para não ocorrer mais do mesmo. “Pretendo não votar em governos extremistas, muito menos em caras antigas com o nome sujo, isso já elimina a maioria da minhas opções.” critica o eleitor.

Como são poucas caras novas, Meskau averigua com cuidado a influência dos postulantes João Amoedo (Partido Novo) e Cabo Daciolo (Avante) para novamente não votar nulo, como fez nas eleições passadas. Porém, a princípio, Meskau se sente indeciso.

Já a psicóloga Luisa Rotenberg se sente indecisa, mas provavelmente essa indecisão acabará tornando o voto em voto nulo. Para ela nenhum dos concorrentes é forte e a maioria tem a ficha suja. “Antes dos debates que estão rolando, tinha algumas opções, mas depois de assistir aos ataques, mudei completamente minha opinião sobre certos candidatos, tornando minha decisão de votar nulo mais provável”. Afirma Luisa.

Sobre a pesquisa:

  • Quem foi ouvido: 2002 entrevistados em 150 municípios
  • Margem de erro: Dois pontos percentuais para mais ou para menos
  • Quando pesquisa foi realizada: Outubro de 2014 e Agosto de 2018
  • Registro no TSE: Protocolo Nº BR-01665/2018

Autor