“Curral” retrata a maior Seca do Ceará

A peça destaca os campos de concentração que abrigavam trabalhadores no estado nordestino
Por Andrey Ribeiro, Beatriz Tsutsumi, Giovana Kucharski
A peça “Curral” teve estreia no Festival de Curitiba nesta sexta-feira (05) no Teatro Lala Schneider. O espetáculo desmistifica a história da seca que o estado do Ceará passou em 1915 e faz uma abordagem dos campos de concentração que abrigavam trabalhadores submetidos a condições desumanas de vida.
A montagem da peça foi feita em um mês, indo atrás de histórias reais de tudo que aconteceu no sertão nordestino, depois criar e ensaiar. A atriz Elisa Esmanhotto diz que durante o processo encontraram a história dos currais a pedido do diretor da peça. “Eu trouxe uma poesia porque não achei algo específico, mas tiveram umas duas ou três pessoas que trouxeram sobre os currais. A gente expôs isso no grupo e ficamos muito impressionados, pois ninguém conhecia a história.”
O espetáculo destaca ainda que a história da seca no Ceará é pouco comentada e escondida pelo governo. Ao se falar sobre campos de concentração costuma-se relacionar à Segunda Guerra e Hitler. Sabe-se que houve em 1932 e parece quetambém antes mesmo de 1915 e como não tem documento ou algo concreto de que realmente acabou, então ainda existe a possibilidade da existência dos campos até hoje.”
A atriz Maria Elisa Emerick comenta sobre a força do tema, por se tratar de fatos reais, e como isso afetou os atores: “Durante o processo, nós chegávamos em casa e pensávamos sobre a vida dessas pessoas e o que havia acontecido. Antes de entrar em cena a gente agradece as pessoas que passaram por esse sofrimento e pede licença por estar dando vida aos que já partiram, foi muito intenso, todo elenco se emocionou com as histórias.”
O empoderamento feminino é bastante representado na peça. Nove atrizes fazem personagens que ficam nos campos de concentração e vivem a seca diariamente, com fome e exaustão de trabalho. O diretor Lucas Cardoso diz que a importância de abordar esse tema é mostrar a força da mulher brasileira.”O objetivo não é colocar a mulher como uma vítima ou produto dentro do espetáculo, chegou o momento de expor o vigor que a mulher tem de carregar uma história, uma família.”
A peça contém uma música que é autoral do grupo e foi composta pelo diretor, com base nas pesquisas e textos que leram. A atriz Ana Flávia Domingues fez a melodia e o ritmo. “A música foi montada em um mês, pegamos relatos, acontecimentos e em seguida produzimos. Essa é uma das músicas que mais gosto” , comenta .
A peça teve sua última apresentação ontem às 21h no Teatro Lala Schneider.
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