Curitiba vive onda de construções sustentáveis

Engenheiros civis precisaram adaptar-se à realidade
Por Natalia Filippin e Thaise Borges
Atualmente, a sustentabilidade é um tema que está em alta, sendo discutida nas mais diversas áreas, e na construção civil não foi diferente. A construção sustentável é uma forma de se construir casas e edifícios, harmonizando-os com o meio ambiente. Ela procura, durante toda sua produção e pós-construção, amenizar os impactos à natureza, reduzindo o máximo possível os resíduos e utilizando materiais e bens naturais, como água e energia.
Os engenheiros civis precisaram adaptar-se, utilizando novos materiais que geram o menor impacto possível ao meio ambiente e contribuam para o conforto térmico ou a redução do consumo de energia. Para o Engenheiro Civil, Lucas Roberto Ghisi, é importante a engenharia civil contribuir com o meio ambiente. “Você adotando o método construtivo de uma maneira sustentável você vai estar colaborando com o meio ambiente e preservando com a natureza, você evita a utilização do madeiramento. Um exemplo é o Steel Framing, você começa a usar materiais que são renováveis, recicláveis e não se tira nada da natureza, quanto menos você tira da natureza, é melhor”, explica.
Construir uma obra sustentável tem um alto custo. Os materiais e a mão de obra são caros. Segundo o engenheiro, uma construção feita da maneira tradicional leva em média dez meses para ficar pronta, já a construção com materiais sustentáveis leva a metade do tempo, aproximadamente cinco meses. Atualmente, o Brasil é o 4º país entre os que mais desenvolvem construções sustentáveis e deve tornar-se ainda mais protagonista neste cenário, já que a rentabilidade deste investimento vem se mostrando cada vez mais efetiva, mesmo que o retorno se dê ao longo prazo.
O valor de uma construção sustentável ainda é muito alto, tornando a tradicional a preferência de muitos. “Os benefícios da sustentabilidade são ótimos, tem pessoas que utilizam fotovoltaica que convertem energia solar em energia elétrica. O investimento inicial pode ser bem alto, mas o retorno é bom. Não é de um dia para o outro, mas sempre tem além do retorno, e o lado de colaborar com o meio ambiente”, completa o engenheiro. Além da economia em real, os benefícios de uma construção sustentável podem ser na forma de redução de impactos ao meio ambiente, como diminuição de geração de resíduo, no consumo de recursos naturais, nas chamadas ilhas de calor. O diretor administrativo da empresa “Nova Arquitetura”, Pedro Shima considera que construções verdes melhoram na saúde humana. “As edificações verdes podem impactar positivamente no bem-estar dos usuários, seja para o morador da residência, para o ocupante no caso de edifícios comerciais, isso reflete em maior produtividade e melhora da condição da saúde humana”, completa o diretor.
Segundo o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Arquitetura, a construção sustentável deve contemplar o aproveitamento do meio natural sem causar prejuízo algum sobre a sustentabilidade, devendo aplicar o desenvolvimento tecnológico para a concretização de uma maior poupança energética e a diminuição dos resíduos, sem esquecer o aspecto estético, um dos vários fatores que determinam a habitação.
Uma edificação pode ser considerada verde por diversos motivos. Para se entender isso, é importante primeiramente que se tenha em mente a ideia de ciclo de vida do edifício (foto 01), que é o período de existência de uma edificação, desde sua concepção até a demolição. Para Shima, um edifício já é construído com um pensamento sustentável. “Uma edificação pode, portanto, ser concebida já com a ideia de ser mais sustentável – o que é o ideal -, mas também pode passar por processos de incorporação de estratégias que a tornem mais eficiente e, portanto, mais “verde”, é o caso do refrofit e da gestão da manutenção do edifício”, explica.
- Algumas características de construções sustentáveis:
– Gestão da água: A água também é empregada como matéria-prima para a produção do material de construção. Para se ter uma ideia, na produção de um metro cúbico de concreto é utilizada uma média de 160 a 200 litros de água. Além disso, a água também é usada em construções na limpeza e resfriamento de maquinário.
Atualmente, algumas medidas podem ser decisivas para o controle de desperdício de água durante a construção e uso do recurso pós-obra, como a captação de água da chuva e a água de reuso, por exemplo.
– Emissão de gases: A fabricação de materiais e a execução das obras de construção civil também são responsáveis, aproximadamente, por 30% de toda emissão de gases de efeito estufa no mundo. É requisito de uma construção sustentável monitorar estas emissões, além de adotar estratégias para minimizar essa emissão e seus impactos durante o período de obras.
– Eficiência energética: Uma das maneiras de melhorar a eficiência para construções sustentáveis é apostar em energia alternativa, como, por exemplo, a fotovoltaica (transforma os raios solares em energia elétrica), aproveitamento de luz e ventilação natural e a utilização de vidros duplos.
– Telhado Verde: Contribui para contenção da água pluvial excessiva e funciona como um bom isolante termoacústico, evitando o aquecimento ou o resfriamento excessivo do ambiente interno.
– Madeira ecológica: É uma madeira plástica composta por resíduos de madeira e plástico pós-consumo, sem recursos naturais. Traz facilidade na hora da limpeza e alta durabilidade.
– Automação: Sensores que acionam através de programação. Podem ser usados na iluminação, climatização, segurança e gerenciamento energético.
– Solo cimento: Material com boa resistência à compressão, bom índice de impermeabilidade, baixo índice de retração volumétrica e boa durabilidade”.
– Tecido Greenscreen: Usado em cortinas e persianas, proporciona o uso mais racional da energia solar, bloqueando a irradiação e utilizando com eficiência a luz.
– Concreto reciclado: Feito a partir dos entulhos das obras, ele diminui o número de resíduos das mesmas.
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