Curitiba implementa novo sistema de EstaR eletrônico

Vagas de EstaR foram substituídas por sistema eletrônico no dia 16 de março e motoristas terão até 10 de junho para trocar cartões por recargas digitais
Por: Eduarda Fiori, Isabella Serena e Ricardo Luiz
O EstaR eletrônico é o atual sistema de estacionamento regulamentado na capital paranaense, o novo modelo entrou em vigor no dia 16 de março. Os antigos cartões deixam de ser aceitos após o dia 10 de maio, a Prefeitura informa que existe um prazo estipulado para a troca por créditos nos aplicativos homologados. Esse sistema também é utilizado em outras capitais e promete modernizar e facilitar o acesso de todas as 12.088 vagas disponíveis em Curitiba.
A cidade também pretende implantar cerca de 3 mil novas paradas de EstaR. A Urbanização de Curitiba (Urbs), empresa responsável pelo sistema, explica que para utilizar a nova ferramenta, o motorista deve baixar um dos aplicativos no celular e comprar créditos. O processo também necessita da placa do veículo, a localização da vaga e o período de permanência. O limite de tempo ainda será de duas horas.
Entre as mudanças do sistema, está o fato de que não é mais necessário pagar uma hora cheia por um período menor de permanência. Os motoristas que utilizam o EstaR tem a tarifa dos créditos fracionada com o valor de R$ 0,75 a cada 15 minutos. Além dos aplicativos, o usuário pode recarregar os créditos em um dos 400 pontos de venda credenciados ou em totens de empresas de aplicativos que foram instalados na cidade.
O empresário Fernando Alencar, proprietário da Banca Martine da Praça Generoso Marques, optou por comercializar créditos da nova ferramenta. “Escolhi continuar trabalhando com EstaR. Porém, acho que é um pouco complicado. As pessoas de idade não tem muito conhecimento dessas tecnologias”, afirma. Alguns estabelecimentos que vendiam os cartões do antigo sistema não migraram para o sistema eletrônico. O dono da Banca Marco Zero, Francisco Verissimo, na Praça Tiradentes, alega que o processo de venda dos créditos para o novo sistema é muito trabalhoso. Devido ao grande fluxo de pessoas no local, o serviço atrapalha o funcionamento do seu estabelecimento. “Eu teria que contratar uma pessoa só para isso.”
Pelo centro da cidade, também era comum a presença de vendedores ambulantes de cartões de EstaR, como o caso de Renato Medeiros, que se preocupou com o seu trabalho após a implementação da nova tecnologia. “Afetou tanto eu quanto os cuidadores de carro, que não terão mais renda”. O vendedor também alega que o novo recurso digital pode abrir espaço para fraudes e acredita que a falta de acesso à tecnologia pode levar alguns condutores a deixar de pagar a tarifa.
A fiscalização de veículos com permanência irregular ou falta de pagamento por créditos continua sendo responsabilidade de agentes da Superintendência de Trânsito (Setran). Além do controle por meio das placas dos veículos, os fiscais possuem um dispositivo com a geolocalização de todos os carros estacionados. A alerta para condutores que precisam renovar o tempo de uso da vaga é por meio de uma notificação do aplicativo.
Apesar de o novo sistema de EstaR prometer uma facilidade maior para o pagamento de estacionamento regulamentado, o mecânico Osvaldemir Fiorati comenta que é uma dificuldade para quem não sabe como utilizar novas tecnologias do gênero, “Eu sei muito pouco e tenho dificuldade em usar”, confessa. Por outro lado, a mudança é bem recebida entre os usuários mais jovens, que possuem mais facilidade em operar com os novos recursos. “Acho bom porque me ajuda muito”, diz o auxiliar administrativo Carlos Hoffman, 18 anos, que recentemente tirou sua carteira de motorista.
Segundo o engenheiro Celso Alves Mariano, e especialista multidisciplinar em trânsito, a nova implementação pode limitar o acesso de algumas pessoas que tenham dificuldade com a tecnologia, apesar de já termos passado por coisas parecidas como a informatização dos bancos, cartórios e telefonia, por exemplo, “Cabe ao órgão público oferecer todas as condições para que os usuários tenham acesso a informações claras e de fácil acesso. E aos usuários, um certo empenho em aprender a utilizar os novos recursos.”, comenta o especialista.
O EstaR, em seu modelo atual, demanda muita mão de obra. Com a implementação da nova tecnologia, espera-se a liberação de mais agentes, “O modelo escolhido é uma evolução tecnológica tímida, vai facilitar a atividade do agente e permitir a coleta de dados de boa qualidade de forma automatizada, tudo isso é positivo, porém um nível tecnológico um pouco mais avançado permitirá também liberar agentes a cuidar do EstaR para atuarem em áreas carentes de mão de obra, como a fiscalização nas ruas.” completa Mariano.
Cidades que já adotaram o sistema:
São Paulo adotou o sistema em novembro de 2016. Na capital paulista, a fiscalização também é digital e os agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) recebem todas as informações dos veículos através dos números das placas.
Outra capital que também possui o estacionamento regulamentado eletrônico é Belo Horizonte. A cidade mineira usa o sistema desde novembro de 2018. O aplicativo também inclui a necessidade de utilização até mesmo de motofretistas e motoristas que estacionarem nas áreas de Carga e Descarga.
Tire suas dúvidas sobre o EstaR Eletrônico:
Por que adotar o modelo digital?
O EstaR eletrônico vai modernizar o estacionamento regulamentado na cidade, facilitando a operação para o usuário, que poderá comprar créditos por aplicativos, totens ou em pontos de venda de comércio.
Como vai funcionar?
O motorista poderá baixar no celular um dos aplicativos homologados, e, com apenas alguns toques, comprar os créditos para a utilização.
Já existem oito aplicativos homologados para fazer a venda de créditos: Zul Digital (On Tecnologia de Mobilidade Urbana S.A.), Faz Digital Curitiba (Inova Soluções em Tecnologia e Gestão Ltda.) e Transitabile (Transitabile Sistema de Controle de Vagas Automotivas Ltda.), Iomob, Cidatec, El Parking, Areatec e Amaralina.
Qual o preço?
O preço da hora passa de R$ 2 para R$ 3. O preço para 15 minutos é de R$ 0,75.
Se eu não tiver celular ou ficar sem bateria, como faço?
Mesmo quem não tiver celular ou estiver sem o smartphone na hora do estacionamento pode utilizar o EstaR eletrônico. Essas pessoas poderão comprar o EstaR em postos de venda credenciados próximos às vagas rotativas.
As motos vão pagar EstaR?
De acordo com a URBS, por enquanto as motos não precisam pagar o EstaR Digital. No entanto, a empresa estuda implantar o sistema apenas para as motos de passeio. As de serviço (placa vermelha) continuariam isentas de pagar pelo estacionamento rotativo
O conta no app precisa estar no nome do proprietário do veículo?
Não. Qualquer pessoa física e maior de idade pode realizar o cadastro no aplicativo Zul EstaR Digital mesmo que o veículo registrado não esteja em seu nome. Então, a conta no app não precisa necessariamente estar no nome do proprietário do aplicativo.
Posso comprar e armazenar créditos para depois?
Sim. O motorista pode comprar e armazenar os créditos digitais de estacionamento para utilizá-los quando quiser. Não há validade para sua utilização.