Curitiba Confere: Estudantes de Jornalismo desenvolvem projeto de checagem sobre meio ambiente

por Fatos 28.Nov.2019

O projeto foi realizado na disciplina de Jornalismo de Dados do 4° período de Jornalismo da PUCPR

Por Fatos

A era tecnológica atual trouxe muitos avanços, principalmente na área da comunicação, mas junto com esses avanços vieram as tentativas de desinformação. Além das notícias falsas, informações descontextualizadas e até equivocadas ditas por agentes públicos geram desconfiança. A fim de combater a desinformação por meio de dados e investigação, surgiu uma vertente na área jornalística, a checagem de fatos, que consiste na investigação de informações em bases de dados e fontes primárias.

Baseada nessa vertente, os alunos do 4° período do curso de Jornalismo na PUCPR, sob a supervisão da professora Criselli Montipó, desenvolveram um projeto que checa a veracidade de falas e divulgações dos governantes de Curitiba. O site “Curitiba Confere” traz a checagem de informações relacionadas ao meio ambiente e informa sobre como ajudar na preservação ambiental.

A aluna Lorena Souza explica um pouco sobre como foi o processo de checagem para o site. “Todos os textos feito pelos estudantes precisavam ser checados, através de dados publicados por órgãos públicos e confiáveis. A checagem comprova as informações”, aponta a estudante. O projeto seguiu o Código de Princípios da International Fact-Checking Network.

Para garantir que mais pessoas sejam atingidas pelo projeto, foi criado um grupo responsável por converter os conteúdos em áudio. Felipe da Fonte, um dos integrantes, conta sobre o diferencial desse conteúdo. “As pessoas estão na correria do dia a dia e não tem tempo. Converter as reportagens em áudio possibilitam o consumo de informação enquanto se está dirigindo ou andando na rua, por exemplo.”

Com o intuito de informar de forma mais sucinta e conscientizar sobre a preservação ambiental também foi criado uma equipe responsável pelos materiais complementares, Paula Araújo relata a forma que esse trabalho agregou. “Foi muito legal, porque eu tive a oportunidade de aprender muitas coisas sobre a preservação do meio ambiente e é muito importante baseado na situação de nosso país.”

O portal Curitiba Confere está presente na plataforma Wix e, todas as informações checadas possuem um selo de classificação. Os selos estão divididos em: “Confere”, para informações verdadeiras, “Pera lá!”, para informações confirmadas, porém incompletas, “Viajou”, para informações exageradas, “Falso”, para aquilo que não é verdadeiro e “Não Rolou”, para dados inconclusivos que não permitem uma confirmação. As classificações aparecem ao final das reportagens para deixar mais clara a conclusão chegada pelo repórter.

Além das atividades do site, a turma fez divulgação por meio das redes sociais. Marina Prata é uma das estudantes responsáveis pela publicação nas redes e ressalta o motivo do engajamento nas redes sociais. “Por ser uma forma mais sucinta de divulgação, nós resumimos um pouco sobre o que se trata a checagem e divulgamos a foto selecionada. As pessoas não costumam acessar sites por conta própria, a maioria dos acessos são feitos por meio de links vistos em redes sociais como o Instagram e o Facebook, e estamos trabalhando com eles”, explica.

Checagem de fatos: necessidade no ambiente digital

O número de projetos ativos de checagem de fatos em todo o mundo continua crescendo e, em 2018, chegou a 156 iniciativas, conforme levantamento do Duke Reporteres ‘Lab, instituto de pesquisa situado em Durham, Carolina do Norte, que contabiliza projetos de fact-checking em 55 países. A constante evolução desses projetos tem sido impulsionada pela expansão de redes e novas parcerias de mídia que se concentram em manter figuras públicas e organizações responsáveis pelo que dizem.

A professora da disciplina Jornalismo de Dados, Criselli Montipó, responsável pela orientação e supervisão do projeto Curitiba Confere, explica que a checagem de fatos – ou fact checking, como é mais conhecida, em inglês – é uma metodologia de apuração jornalística baseada em dados e fatos, realizada de forma sistematizada desde o crescimento da circulação de informações no ambiente digital.

Segundo Montipó, o panorama contemporâneo, marcado pela hiperinformação é território fértil para velhos hábitos de agentes públicos. “Embora a checagem seja um princípio desde que o jornalismo se profissionalizou, o surgimento de iniciativas jornalísticas especializadas em checar o discurso público data do final do século 20”, conta.

Projetos que se dedicam especificamente à checagem estão encarregados da já consolidada prática jornalística de verificação. “O advento da internet facilitou a difusão de informações, que tomaram dimensões globais e passaram a se perder em meio ao iceberg informacional das redes. O fact checking se dedica exclusivamente ao propósito de conferir veracidade a tais informações e ganha importância no ambiente de desinformação em que estamos vivendo”, completa.

A professora destaca que universidade é um espaço privilegiado para o desenvolvimento de novos projetos, especialmente quando visam garantir o acesso às informações de qualidade, fundamental para sociedades democráticas. Ela conta que supervisionou o desenvolvimento de outros projetos de checagem em semestres anteriores, que abordam temáticas como educação, saúde e discurso de candidatos aos governos municipais e estaduais.